Tuesday, September 3, 2024

AGLIBERTO XAVIER

Em 1925 a Imprensa Nacional, editou um folheto com 31 paginas, redigido por Agliberto Xavier, que lutando para esclarecer aos brasileiros principalmente aos letrados uma visão filosófica de cunho científico e não teológica, deste Mundo em que vivemos.

 Procurei tal documento em todos os lugares - Bibliotecas, Universidades etc que pesquisei, e sempre que encontrava, notei que as folhas 2 e 3 haviam sido arrancadas; e eu também não as possuo. Algo importante E DE ELEVADA CONTRARIEDADE, deve ter sido registrado. Aproveito o ensejo PARA REGISTAR que o mesmo também aconteceu nos trabalhos editados pelo médico psiquiatra Dr. Jefferson Sensburg Vieira de Lemos, que editou seus trabalhos científicos, na revista Hospital, onde as interpretações científicas, que deveriam constar de certos exemplares, o exemplar havia sumido; pois ele põe por terra, a metafísica de Freud.

 Muitos psicólogos gostariam que estes trabalhos científicos fossem PROVAVELMENTE queimados. Sumiram com os exemplares.

 Voltemos ao “livreto” de Agliberto Xavier. Vou transcrever na integra, a menos das páginas 2 e 3. Que país é Este!

  INFORMAÇÃO PRELIMINAR

             Com a recente reforma do ensino, fui convidado pela Diretoria do Externato do Colégio Pedro II a refazer o programa para  o Curso de Filosofia daquele estabelecimento, de modo que pudesse também servir aos congêneres de todo o país. Ponderei ao Diretor  e aos professores que mais se interessavam pelo caso que, tal qual estava , o programa satisfazia plenamente o fim a que se destina. Seu valor é assas  notado pela atração de pessoas conspícuas , mas estranha a casa, que com assiduidade freqüentam as minhas aulas, honrando deste modo não só o meu curso, como o próprio estabelecimento. Sua eficácia patenteia-se por alusões  em casos importantes  e sobre tudo por trabalhos que já se vão fazendo sob sua inspiração e seguindo-lhe a diretriz, como declaram os próprios autores.

             A encrespação de que é sectarísta, observei que o assunto é realmente tratado, no terreno positivo (científico), e nem devia ser de outro modo, mas que, entre a razão (inteligência) positiva e o Positivismo, propriamente dito, há notável diferença. Por semelhante critério, em vez de um programa de Química positiva, teríamos que adotar a Alquimia, caso fosse Lavoisier o fundador do Positivismo.

             A consideração que poucos professores da matéria poderiam executar o programa e menor ainda o número de alunos que o assimilariam, lembrei que cada coisa deve ser assinada a seu tempo  e por quem possui real competência. Desvirtuar uma matéria para que possa ser ela lecionada por todo mundo e a quem quer que seja, é suprimir o problema e não resolve-lo.

             Desnaturar o cálculo infinitesimal, para que ele seja ensinado por professores que mal sabem a matemática elementar e a meninos do primeiro ano do curso ginasial, não seria organizar o ensino matemático, mas, pelo contrário, desorganiza-lo. ( Fim da Primeira Página)

 As paginas 2 e 3 desconheço – mas deve ter argumentos muito verdadeiros para terem sumido - arrancadas das bibliotecas.)        

          Para aqueles que se interessarem, pocurem o folheto na Biblioteca de Ivan Lins, que foi doada pela Família à Faculdade Cândido Mendes, para ober cópia xerox da Pagina 4 em diante, até a 31a .  – no Rio de Janeiro. Pois a minha cópia não dá para ser copiada eletronicamente, está muito escura.

PROGRAMA DE FILOSOFIA E LÓGICA DO COLÊGIO PEDRO II

ENQUANTO ERA CATEDRÁTICO AGLIBERTO XAVIER.

 PROGRAMA OFICIAL DO CURSO DE FILOSOFIA E LÓGICA do Colégio Pedro II, adotado até 1925, e organizado pelo catedrático Professor  Agliberto Xavier.

           Autor de vários livros de inspiração francamente positivista , tais como “Ensaio sobre Lógica” 1908; Funções do Cérebro – 1909; Calculo das Seções Angulares – 1909; Theorie des Approximations Numériques et du Calcul Abrégé.”Paris 1909; Seções Cônicas, 1924”.

           Estudou matemática com Benjamin Constant e biologia em Paris com um discípulo direto de Augusto Comte Dr. Georges Audiffrent, que ministrava seu ensino de filosofia através das 15 Leis Naturais percebida por Augusto Comte, que são comuns as 7 ciências. Que Augusto Comte codificou de Filosofia Primeira ou Fatalidade Suprema – que consta de sua obra máxima  - Política Positiva.

 Concepção escolástica da Filosofia. Filosofia Primeira de Aristóteles ou Metafísica de seus tradutores e comentadores. Ontologia, Psicologia e Teologia. Filosofia Racional ou Lógica. Filosofia Moral ou Moral propriamente dita. Concepção moderna da Filosofia. Filosofia Natural.

 FILOSOFIA PRIMEIRA

 Da Filosofia Primeira modernamente encarada por Bacon e Comte, como constituída de leis naturais.

 Teoria da abstração teórica.

 Primeiro grupo de Leis, tanto objetivas como subjetivas:

 Lei básica da Filosofia Primeira. Seu apanhado primeiramente teológico — Deus age sempre na ordem natural pelo caminho mais curto — depois metafí­sico — A Natureza economiza sempre suas forças — finalmente positivo —Formar a hipótese mais simples e mais simpática que comporte o conjunto dos conhecimentos que se têm de representar. Consideração das hipóteses como artifícios lógicos indispensáveis à indução, quer espontânea, quer sistemática. Exemplo do uso das hipóteses na formação do eterno tipo da verdadeira ciência — a Astronomia.

 Da imutabilidade das leis naturais. Sua concepção absoluta segundo a teologia e a metafísica. Concepção relativa peculiar ao espírito positivo e conforme a lei básica da Filosofia Primeira: Conceber como imutáveis as leis que regem os seres segundo os acontecimentos.

 Da integridade das leis através das modificações da ordem universal. Quaisquer modificações da ordem universal são limitadas à intensidade dos fenômenos cujo arranjo fica inalterável. Pressentimento desta lei por Broussais quando assinalou a imutabilidade das leis fisiológicas, nos próprios casos patológicos, e até por Lavoisier, reconhecendo a inalterabilidade das leis da química, na composição e decomposição dos corpos dentro mesmo dos organismos vivos.

 Segundo grupo de leis, essencialmente subjetivas:

 Primeiro subgrupo; relativo ao estado estático do entendimento:

 Subordinar as construções subjetivas aos materiais objetivos. Esboço dessa lei por Aristóteles — Nada há na inteligência que não venha pelos sentidos. Sua apreciação sucessiva por Leibnitz e Kant.

 Leis complementares relativas às imagens, servindo para discriminar a realidade da ficção e a nitidez da confusão de imagens: As imagens in­teriores são sempre menos vivas e menos nítidas que as impressões exterio­res. Toda imagem normal deve ser preponderante sobre as que a agitação cerebral faz simultaneamente surgir.

Segundo subgrupo: relativo ao surto dinâmico do entendimento.

Lei fundamental da dinâmica do entendimento — Cada entendimento apresenta a sucessão de três estados: fictício, abstrato e positivo, para quaisquer concepções, com velocidade proporcional à generalidade dos fenômenos correspondentes.

 Leis complementares, relativas à evolução da atividade e do sentimento: a atividade é primeiramente conquistadora, depois defensiva e finalmente industrial. A sociabilidade é primeiramente doméstica, depois cívica e finalmente universal, conforme a natureza própria de cada um dos três ins­tintos simpáticos.

Terceiro grupo de leis, essencialmente objetivas.

 Primeiro subgrupo. Generalização a todos os fenômenos das três leis básicas da mecânica geral:

 Lei da persistência — Todo estado estático ou dinâmico tende a per­sistir espontaneamente sem alteração alguma, resistindo às perturbações ex­teriores. (Képler)

 Lei da coexistência — Um sistema qualquer mantém sua constituição ativa ou passiva, quando seus elementos experimentam mutações simultâ­neas, contanto que sejam exatamente comuns. (Galileu)

 Lei da equivalência — Há sempre equivalência entre a reação e a ação, se sua intensidade é medida conforme a natureza de cada conflito. (Huyghens e Newton)

 Segundo sub-grupo:

 A evolução decorre da ordem como a dinâmica da estática, segundo o princípio da mutualidade de D’Alembert. Subordinar sempre a teoria do movimento à da existência, concebendo todo progresso como desen­volvimento da ordem correspondente, cujas condições quaisquer regem as mutações que constituem a evolução.

 Lei da classificação: Toda classificação positiva deve proceder segundo a generalidade crescente ou decrescente, tanto subjetivas como objetivas. Lei do intermediário: Todo intermediário deve ser normalmente subordinado aos dois extremos cuja ligação êle opera.

 PSICOLOGIA Científica

 Concepção metafísica de alma.

Conseqüências relativas à doutrina: unidade e imortalidade da alma.

Conseqüência referente ao método: processo de introspecção.

 Princípio de filosofia fisiológica — Não há função sem órgão — do qual resulta a concepção positiva de alma. Conseqüência quanto à doutrina: pluralidade dos órgãos e dificuldade da unidade psíquica, donde o grande problema moral e religioso. Conseqüências atinentes ao método: impraticabilidade da observação interior; uso do método subjetivo ou construtivo, complementado pelo método objetivo — anatomopatológico.

 Análise da obra de Gall, encarada como posição do problema da psi­cologia no terreno positivo: 1o) - considerando a alma como o conjunto de impulsos afetivos, faculdades intelectuais e qualidades práticas; 2o - admitindo que, a cada uma das funções simples desse complexo corresponde um órgão; 3o -  localizando todos esses órgãos no cérebro. Insuficiência dos meios científicos de Gall para a solução definitiva de seu problema.

Impossibilidade da localização de funções e mesmo de uma análise psicológica perfeita sem um quadro prévio das funções simples ou irre­dutíveis. Solução apresentada por Comte. Quadro das funções simples e sua localização. Exame de algumas funções compostas.

 Teoria da sensação. Determinação do número de sentidos do Homem.

 Concepção antiga do sensorium cummune e teoria moderna da pluralidade das sedes sensoriais. Localização dessas sensações.

 Alucinações e êxtases. Sono, sonho e sonambulismo.

Apreciação geral dos estados extremos da razão humana: loucura e idiotismo. Equilíbrio mental.

Considerações gerais sobre a alienação e a criminalidade.

Impulsos irresistíveis por exaltações de móveis afetivos.

Movimentos insofreáveis por excitações de órgão da atividade.

 LÓGICA

 Considerações fundamentais sobre a Lógica. Sua definição. Vício de sua construção, separando-a, quer de sua fonte social — O Sentimento, quer de seu destino prático — a atividade. Imperfeições fundamentais que têm caracterizado sua concepção como ciência e até como arte. Insepa­rabilidade do método e da doutrina. Resumo da Lógica positiva: Induzir para deduzir, a fim de construir.

 Apeciação geral de cada um dos três elementos lógicos: sentimento, imagem e sinal, ou consistência, clareza e precisão. Conexidade destes três elementos. Preponderância de cada um deles ocasionando um sistema es­pecial característico. Lógica dos sentimentos ou construtiva; dos sinais ou dedutiva. Acordo de cada um destes sistemas com cada uma das três fases da evolução preliminar da espécie humana: fetichismo, politeísmo e monoteísmo.

 Concepção positiva do método quer na ciência, quer na arte; sua ana­logia com a máquina no domínio industrial, visto que, sem nada criar, ambas têm por fim aumentar nosso poder intelectual e material. Concepção de um só método, como de uma só ciência, tornando-se indutivo nas in­vestigações do mundo, dedutivo nas pesquisas do número, da extensão e do movimento, e construtivo ou subjetivo na Moral.

 Da evolução da Lógica. Situação social do meio grego quando Aristóteles criou seu Organum. Sofística e dialética entre os gregos. Aprecia­ção do Organum de Aristóteles.

Das Categorias ou tratado das cinco universais e das categorias.

Da Hermeneia ou interpretação (teoria da proposição).

Das Analíticas ou tratado de silogismo.

Dos Tópicos ou fontes prováveis do raciocínio.

Dos Sofismas ou dos maus raciocínios.

Modificações feitas no Organum, de Aristóteles, durante a idade média e os tempos modernos.

Confronto do Organum de Aristóteles, com o Novum Organum, de Bacon e o Discurso sobre o Método, de Descartes.

 LÓGICA DAS IMAGENS OU INDUTIVA - 6 lições

 Exame sumário da indução teórica. Da indução espontânea e da indução sistemática. Distinção entre mundo inteligível e mundo sensível, segundo Empédocles, ou entre o objetivo e subjetivo, conforme Kant. Di­visão do mundo inteligível em duas partes: uma formada de propriedades abstratas e outra de relações abstratas (leis naturais). Importâncias da indução espontânea para a instituição das propriedades abstratas na primeira infância. Uso da indução sistemática para a apreensão posterior das relações abstratas.

 Fundamentos subjetivos em que se baseia a indução sistemática:

 1o ) Leis da simplicidade das hipóteses, da imutabilidade das relações abstratas e das modificações da ordem universal sem alteração do arranjo, que asseguram a simplicidade e constância das relações.

2o )     Leis da subordinação do subjetivo ao objetivo e leis das imagens, que definem o estado normal da razão, pois que de outro modo flutuaria entre o excesso de subjetividade e a demasiada objetividade.

3o  )     Lei da evolução intelectual, que harmonize o grau normal de subjetividade com as flutuações inerentes às diversas fases da evolução mental, visto que nos estados teológicos e metafísicos há excesso de subjetividade e no fetíchico prevalece a objetividade.

Fundamentos objetivos: leis da persistência, da coexistência, da reação e da mutualidade, que precisam a estabilidade na ordem externa.

Da indução em astronomia. Recurso objetivo para tornar possível a indução nesta ordem de fenômenos — a observação. Apreciação dos instrumentos de observação astronômica, horários e angulares. Modificações que sofrem as observações em conseqüência do invólucro fluido em que se acha o observador e de seu deslocamento do centro dos sistemas. Dos erros em astronomia. Meios práticos e teóricos de atenuá-los. Importância da teoria dos erros em astronomia. Das hipóteses científicas em astronomia. Hipótese geocêntrica, seu valor na astronomia preliminar; necessidade de sua substituição nas questões mais complicadas.

Da indução em física e química. Meios objetivos necessários para realizar a indução em física, a observação e a experimentação. Artifícios empregados em química — a análise e a síntese. Recursos subjetivos que resultam da análise e da síntese que facilitam a dedução e a própria indução: nomenclatura e notação. Induções gerais que devem ser consideradas como resultados lógicos do estado da física e da química. 1.a — a indestrutibilidade da matéria. 2. a atividade da matéria, sendo que essa atividade é física e química. 3.a Identidade entre a matéria viva e a não viva, ou, em termos, toda matéria é essencialmente mineral.

Da indução em biologia. Meio de induzir em biologia — método de comparação. Duplo trabalho — indutivo e dedutivo — que exige a clas­sificação.

A indução em sociologia por meio da filiação histórica. In­duções gerais que promanam do conjunto da biologia, como resultados lógicos desse estudo; 1o - Vida só existe onde há estrutura. 2a . A ideia de organização no estudo abstrato da vida comparado com a de sistema na apreciação também abstrata do movimento. 3a  Não há função sem órgão.

 LÓGICA DOS SINAIS OU DEDUTIVA - 5 lições

 Apreciação geral da lógica dos sinais ou dedutiva. O cálculo como o mais poderoso instrumento de dedução. Imperfeição inerente a seme­lhante instrumento. Associação do cálculo à geometria, segundo a con­cepção cartesiana ou combinação dos sinais com as imagens. Resultado desta combinação, dando maior clareza ao cálculo e mais generalização e precisão à geometria. Artifícios lógicos empregados pelo cálculo, tanto dos valores como das relações.

Artifícios dedutivos usados pelo cálculo transcendente. Aptidão na­tural deste cálculo para dar às suas equações mais simplicidade e princi­palmente mais generalidade que o cálculo ordinário. Do cálculo das variações e sua incomparável superioridade dedutiva.

Principais artifícios dedutivos usados em Geometria e Mecânica. Reação lógica do estudo destas partes da matemática.

LÓGICA dos SENTIMENTOS OU CONSTRUTIVA. (Duas Lições)

           Apreciação fundamental da Lógica dos Sentimentos ou Construtiva. Importância deste sistema lógico, em vista da preponderância do gênio de conjunto, sobre o espírito (inteligência)  de pormenor. Imperfeições fundamentais desta lógica: exercício muito pouco facultativo e elementos também muito pouco precisos. Aplicação deste sistema ao domínio  da Moral e da Estética (Arte).

 

Causas primárias e finais. Princípio da Razão suficiente.Causas que entram no domínio positivo. Concepção positiva do direito. Relação entre o direito e DEVER.

 

          Das relações entre o abstrato e o concreto. Verdade e erro.Certeza e precisão. Relação entre a indução e a dedução. Verificação indutiva e demonstração dedutiva. Proposições que podem ser alcançadas tanto por indução  como por dedução. Razão porque não se pode demonstrar nem o axioma, nem o postulado matemático. Da definição. Coisas que não podem ser definidas  e razão da impossibilidade.Da ciência e sua, quer dos materiais objetivos, que lhe servem de base, quer de suas aplicações teóricas e práticas. Determinação do número preciso de ciências ou de gênero de relações constantes entre o abstrato e o concreto. Classificação das ciências.

         

  

 

 


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