Em 1925 a Imprensa Nacional,
editou um folheto com 31 paginas, redigido por Agliberto Xavier, que lutando
para esclarecer aos brasileiros principalmente aos letrados uma visão
filosófica de cunho científico e não teológica, deste Mundo em que vivemos.
Procurei tal documento em todos
os lugares - Bibliotecas, Universidades etc que pesquisei, e sempre que
encontrava, notei que as folhas 2 e 3 haviam sido arrancadas; e eu também não
as possuo. Algo importante E DE ELEVADA CONTRARIEDADE, deve ter sido registrado.
Aproveito o ensejo PARA REGISTAR que o mesmo também aconteceu nos trabalhos
editados pelo médico psiquiatra Dr. Jefferson Sensburg Vieira de Lemos, que
editou seus trabalhos científicos, na revista Hospital, onde as interpretações
científicas, que deveriam constar de certos exemplares, o exemplar havia
sumido; pois ele põe por terra, a metafísica de Freud.
Muitos psicólogos gostariam que
estes trabalhos científicos fossem PROVAVELMENTE queimados. Sumiram com os
exemplares.
Voltemos ao “livreto” de
Agliberto Xavier. Vou transcrever na integra, a menos das páginas 2 e 3. Que país é Este!
INFORMAÇÃO PRELIMINAR
Com a recente reforma do
ensino, fui convidado pela Diretoria do Externato do Colégio Pedro II a refazer
o programa para o Curso de Filosofia
daquele estabelecimento, de modo que pudesse também servir aos congêneres de
todo o país. Ponderei ao Diretor e aos
professores que mais se interessavam pelo caso que, tal qual estava , o
programa satisfazia plenamente o fim a que se destina. Seu valor é assas notado pela atração de pessoas conspícuas ,
mas estranha a casa, que com assiduidade freqüentam as minhas aulas, honrando
deste modo não só o meu curso, como o próprio estabelecimento. Sua eficácia
patenteia-se por alusões em casos
importantes e sobre tudo por trabalhos
que já se vão fazendo sob sua inspiração e seguindo-lhe a diretriz, como
declaram os próprios autores.
A encrespação de que é
sectarísta, observei que o assunto é realmente tratado, no terreno positivo
(científico), e nem devia ser de outro modo, mas que, entre a razão
(inteligência) positiva e o Positivismo, propriamente dito, há notável
diferença. Por semelhante critério, em vez de um programa de Química positiva,
teríamos que adotar a Alquimia, caso fosse Lavoisier o fundador do Positivismo.
A consideração que poucos
professores da matéria poderiam executar o programa e menor ainda o número de
alunos que o assimilariam, lembrei que cada coisa deve ser assinada a seu
tempo e por quem possui real competência.
Desvirtuar uma matéria para que possa ser ela lecionada por todo mundo e a quem
quer que seja, é suprimir o problema e não resolve-lo.
Desnaturar o cálculo
infinitesimal, para que ele seja ensinado por professores que mal sabem a
matemática elementar e a meninos do primeiro ano do curso ginasial, não seria
organizar o ensino matemático, mas, pelo contrário, desorganiza-lo. ( Fim da
Primeira Página)
As paginas 2 e 3 desconheço – mas deve ter
argumentos muito verdadeiros para terem sumido - arrancadas das
bibliotecas.)
Para aqueles que se interessarem, pocurem o folheto na
Biblioteca de Ivan Lins, que foi doada pela Família à Faculdade Cândido Mendes,
para ober cópia xerox da Pagina 4 em diante, até a 31a . – no Rio de Janeiro. Pois a minha cópia não
dá para ser copiada eletronicamente, está muito escura.
PROGRAMA DE FILOSOFIA E
LÓGICA DO COLÊGIO PEDRO II
ENQUANTO ERA CATEDRÁTICO
AGLIBERTO XAVIER.
PROGRAMA OFICIAL DO CURSO DE FILOSOFIA E LÓGICA do Colégio Pedro II,
adotado até 1925, e organizado pelo catedrático Professor Agliberto Xavier.
Autor de vários livros de
inspiração francamente positivista , tais como “Ensaio sobre Lógica” 1908;
Funções do Cérebro – 1909; Calculo das Seções Angulares – 1909; Theorie des
Approximations Numériques et du Calcul Abrégé.”Paris 1909; Seções Cônicas, 1924”.
Estudou matemática com
Benjamin Constant e biologia em Paris com um discípulo direto de Augusto Comte
Dr. Georges Audiffrent, que ministrava seu ensino de filosofia através das 15
Leis Naturais percebida por Augusto Comte, que são comuns as 7 ciências. Que
Augusto Comte codificou de Filosofia Primeira ou Fatalidade Suprema – que
consta de sua obra máxima - Política
Positiva.
Concepção escolástica da Filosofia. Filosofia Primeira de
Aristóteles ou Metafísica de seus tradutores e comentadores. Ontologia,
Psicologia e Teologia. Filosofia Racional ou Lógica. Filosofia Moral ou Moral
propriamente dita. Concepção moderna da Filosofia. Filosofia Natural.
FILOSOFIA PRIMEIRA
Da Filosofia Primeira modernamente encarada por Bacon e Comte, como
constituída de leis naturais.
Teoria da abstração teórica.
Primeiro grupo de Leis, tanto objetivas como subjetivas:
Lei básica da Filosofia Primeira. Seu apanhado
primeiramente teológico — Deus age sempre na ordem natural pelo caminho mais
curto — depois metafísico — A Natureza economiza sempre suas forças —
finalmente positivo —Formar a hipótese mais simples e mais simpática que
comporte o conjunto dos conhecimentos que se têm de representar. Consideração
das hipóteses como artifícios lógicos indispensáveis à indução, quer
espontânea, quer sistemática. Exemplo do uso das hipóteses na formação do
eterno tipo da verdadeira ciência — a Astronomia.
Da imutabilidade das leis naturais. Sua concepção
absoluta segundo a teologia e a metafísica. Concepção relativa peculiar ao
espírito positivo e conforme a lei básica da Filosofia Primeira: Conceber como
imutáveis as leis que regem os seres segundo os acontecimentos.
Da integridade das leis através das modificações da ordem
universal. Quaisquer modificações da ordem universal são limitadas à
intensidade dos fenômenos cujo arranjo fica inalterável. Pressentimento desta
lei por Broussais quando assinalou a imutabilidade das leis fisiológicas, nos
próprios casos patológicos, e até por Lavoisier, reconhecendo a
inalterabilidade das leis da química, na composição e decomposição dos corpos
dentro mesmo dos organismos vivos.
Segundo grupo de leis, essencialmente subjetivas:
Primeiro subgrupo; relativo ao estado estático do
entendimento:
Subordinar as construções subjetivas aos materiais
objetivos. Esboço dessa lei por Aristóteles — Nada há na inteligência que não
venha pelos sentidos. Sua apreciação sucessiva por Leibnitz e Kant.
Leis complementares relativas às imagens, servindo para
discriminar a realidade da ficção e a nitidez da confusão de imagens: As
imagens interiores são sempre menos vivas e menos nítidas que as impressões
exteriores. Toda imagem normal deve ser preponderante sobre as que a agitação
cerebral faz simultaneamente surgir.
Segundo subgrupo: relativo ao surto dinâmico do
entendimento.
Lei fundamental da dinâmica do entendimento — Cada
entendimento apresenta a sucessão de três estados: fictício, abstrato e
positivo, para quaisquer concepções, com velocidade proporcional à generalidade
dos fenômenos correspondentes.
Leis complementares, relativas à evolução da atividade e
do sentimento: a atividade é primeiramente conquistadora, depois defensiva e
finalmente industrial. A sociabilidade é primeiramente doméstica, depois cívica
e finalmente universal, conforme a natureza própria de cada um dos três instintos
simpáticos.
Terceiro grupo de leis, essencialmente objetivas.
Primeiro subgrupo. Generalização a todos os fenômenos das
três leis básicas da mecânica geral:
Lei da persistência — Todo estado estático ou dinâmico
tende a persistir espontaneamente sem alteração alguma, resistindo às
perturbações exteriores. (Képler)
Lei da coexistência — Um sistema qualquer mantém sua
constituição ativa ou passiva, quando seus elementos experimentam mutações
simultâneas, contanto que sejam exatamente comuns. (Galileu)
Lei da equivalência — Há sempre equivalência entre a
reação e a ação, se sua intensidade é medida conforme a natureza de cada
conflito. (Huyghens e Newton)
Segundo sub-grupo:
A evolução decorre da ordem como a dinâmica da estática,
segundo o princípio da mutualidade de D’Alembert. Subordinar sempre a teoria do
movimento à da existência, concebendo todo progresso como desenvolvimento da
ordem correspondente, cujas condições quaisquer regem as mutações que
constituem a evolução.
Lei da classificação: Toda classificação positiva deve
proceder segundo a generalidade crescente ou decrescente, tanto subjetivas como
objetivas. Lei do intermediário: Todo intermediário deve ser normalmente
subordinado aos dois extremos cuja ligação êle opera.
PSICOLOGIA Científica
Concepção metafísica de alma.
Conseqüências relativas à doutrina: unidade e
imortalidade da alma.
Conseqüência referente ao método: processo de
introspecção.
Princípio
de filosofia fisiológica — Não há função sem órgão — do qual resulta a
concepção positiva de alma. Conseqüência quanto à doutrina: pluralidade dos órgãos e dificuldade da unidade psíquica,
donde o grande problema moral e religioso. Conseqüências atinentes ao método:
impraticabilidade da observação interior; uso do método subjetivo ou
construtivo, complementado pelo método objetivo — anatomopatológico.
Análise da obra de Gall, encarada como posição do
problema da psicologia no terreno positivo: 1o) - considerando a alma como o conjunto de impulsos
afetivos, faculdades intelectuais e qualidades práticas; 2o -
admitindo que, a cada uma das funções simples desse complexo corresponde um
órgão; 3o - localizando todos
esses órgãos no cérebro. Insuficiência dos meios científicos de Gall para a
solução definitiva de seu problema.
Impossibilidade da localização de funções e mesmo de uma
análise psicológica perfeita sem um quadro prévio das funções simples ou irredutíveis.
Solução apresentada por Comte. Quadro das funções simples e sua localização.
Exame de algumas funções compostas.
Teoria da sensação. Determinação do número de sentidos do
Homem.
Concepção antiga do sensorium
cummune e teoria moderna da pluralidade das sedes sensoriais. Localização
dessas sensações.
Alucinações e êxtases. Sono, sonho e sonambulismo.
Apreciação geral dos estados extremos da razão humana:
loucura e idiotismo. Equilíbrio mental.
Considerações gerais sobre a alienação e a criminalidade.
Impulsos irresistíveis por exaltações de móveis afetivos.
Movimentos insofreáveis por excitações de órgão da
atividade.
LÓGICA
Considerações fundamentais sobre a Lógica. Sua definição.
Vício de sua construção, separando-a, quer de sua fonte social — O Sentimento,
quer de seu destino prático — a atividade. Imperfeições fundamentais que têm
caracterizado sua concepção como ciência e até como arte. Inseparabilidade do
método e da doutrina. Resumo da Lógica positiva: Induzir para deduzir, a fim de
construir.
Apeciação geral de cada um dos três elementos lógicos:
sentimento, imagem e sinal, ou consistência, clareza e precisão. Conexidade
destes três elementos. Preponderância de cada um deles ocasionando um sistema
especial característico. Lógica dos sentimentos ou construtiva; dos sinais ou
dedutiva. Acordo de cada um destes sistemas com cada uma das três fases da
evolução preliminar da espécie humana: fetichismo, politeísmo e monoteísmo.
Concepção positiva do método quer na
ciência, quer na arte; sua analogia com a máquina no domínio industrial, visto
que, sem nada criar, ambas têm por fim aumentar nosso poder intelectual e
material. Concepção de um só método, como de uma só ciência, tornando-se
indutivo nas investigações do mundo, dedutivo nas pesquisas do número, da
extensão e do movimento, e construtivo ou subjetivo na Moral.
Da evolução da Lógica. Situação social do meio grego
quando Aristóteles criou seu Organum. Sofística
e dialética entre os gregos. Apreciação do Organum
de Aristóteles.
Das Categorias ou tratado das
cinco universais e das categorias.
Da Hermeneia ou interpretação
(teoria da proposição).
Das Analíticas ou tratado de
silogismo.
Dos Tópicos ou fontes prováveis
do raciocínio.
Dos Sofismas ou dos maus
raciocínios.
Modificações feitas no Organum, de
Aristóteles, durante a idade média e os tempos modernos.
Confronto do Organum de
Aristóteles, com o Novum Organum, de
Bacon e o Discurso sobre o Método, de
Descartes.
LÓGICA DAS IMAGENS OU
INDUTIVA - 6 lições
Exame sumário da indução teórica. Da indução espontânea e
da indução sistemática. Distinção entre mundo inteligível e mundo sensível,
segundo Empédocles, ou entre o objetivo e subjetivo, conforme Kant. Divisão do
mundo inteligível em duas partes: uma formada de propriedades abstratas e outra
de relações abstratas (leis naturais). Importâncias da indução espontânea para
a instituição das propriedades abstratas na primeira infância. Uso da indução
sistemática para a apreensão posterior das relações abstratas.
Fundamentos subjetivos em que se baseia a indução
sistemática:
1o ) Leis da simplicidade das hipóteses, da
imutabilidade das relações abstratas e das modificações da ordem universal sem
alteração do arranjo, que asseguram a simplicidade e constância das relações.
2o ) Leis
da subordinação do subjetivo ao objetivo e leis das imagens, que definem o
estado normal da razão, pois que de outro modo flutuaria entre o excesso de
subjetividade e a demasiada objetividade.
3o ) Lei da evolução intelectual, que harmonize
o grau normal de subjetividade com as flutuações inerentes às diversas fases da
evolução mental, visto que nos estados teológicos e metafísicos há excesso de
subjetividade e no fetíchico prevalece a objetividade.
Fundamentos objetivos: leis da persistência, da
coexistência, da reação e da mutualidade, que precisam a estabilidade na ordem
externa.
Da indução em astronomia. Recurso objetivo para tornar
possível a indução nesta ordem de fenômenos — a observação. Apreciação dos
instrumentos de observação astronômica, horários e angulares. Modificações que
sofrem as observações em conseqüência do invólucro fluido em que se acha o
observador e de seu deslocamento do
centro dos sistemas. Dos erros em astronomia. Meios práticos e teóricos de
atenuá-los. Importância da teoria dos erros em astronomia. Das hipóteses
científicas em astronomia. Hipótese geocêntrica, seu valor na astronomia
preliminar; necessidade de sua substituição nas questões mais complicadas.
Da indução em física e química. Meios objetivos
necessários para realizar a indução em física, a observação e a experimentação.
Artifícios empregados em química — a análise e a síntese. Recursos subjetivos
que resultam da análise e da síntese que facilitam a dedução e a própria
indução: nomenclatura e notação. Induções gerais que devem ser consideradas
como resultados lógicos do estado da física e da química. 1.a — a
indestrutibilidade da matéria. 2. a atividade da matéria, sendo que essa
atividade é física e química. 3.a Identidade entre a matéria viva e a não viva,
ou, em termos, toda matéria é essencialmente mineral.
Da indução em biologia. Meio de induzir em biologia —
método de comparação. Duplo trabalho — indutivo e dedutivo — que exige a classificação.
A indução em sociologia por meio da filiação histórica.
Induções gerais que promanam do conjunto da biologia, como resultados lógicos
desse estudo; 1o - Vida só existe onde há estrutura. 2a .
A ideia de organização no estudo abstrato da vida comparado com a de sistema na
apreciação também abstrata do movimento. 3a Não há função sem órgão.
LÓGICA DOS SINAIS OU DEDUTIVA - 5 lições
Apreciação geral da lógica dos sinais ou dedutiva. O
cálculo como o mais poderoso instrumento de dedução. Imperfeição inerente a
semelhante instrumento. Associação do cálculo à geometria, segundo a concepção
cartesiana ou combinação dos sinais com as imagens. Resultado desta combinação,
dando maior clareza ao cálculo e mais generalização e precisão à geometria.
Artifícios lógicos empregados pelo cálculo, tanto dos valores como das
relações.
Artifícios dedutivos usados pelo cálculo transcendente.
Aptidão natural deste cálculo para dar às suas equações mais simplicidade e
principalmente mais generalidade que o cálculo ordinário. Do cálculo das
variações e sua incomparável superioridade dedutiva.
Principais artifícios dedutivos usados em Geometria e
Mecânica. Reação lógica do estudo destas partes da matemática.
LÓGICA dos SENTIMENTOS OU CONSTRUTIVA. (Duas Lições)
Apreciação
fundamental da Lógica dos Sentimentos ou Construtiva. Importância deste sistema
lógico, em vista da preponderância do gênio de conjunto, sobre o espírito
(inteligência) de pormenor. Imperfeições
fundamentais desta lógica: exercício muito pouco facultativo e elementos também
muito pouco precisos. Aplicação deste sistema ao domínio da Moral e da Estética (Arte).
Causas primárias e finais.
Princípio da Razão suficiente.Causas que entram no domínio positivo. Concepção
positiva do direito. Relação entre o direito e DEVER.
Das
relações entre o abstrato e o concreto. Verdade e erro.Certeza e precisão.
Relação entre a indução e a dedução. Verificação indutiva e demonstração
dedutiva. Proposições que podem ser alcançadas tanto por indução como por dedução. Razão porque não se pode
demonstrar nem o axioma, nem o postulado matemático. Da definição. Coisas que
não podem ser definidas e razão da
impossibilidade.Da ciência e sua, quer dos materiais objetivos, que lhe servem
de base, quer de suas aplicações teóricas e práticas. Determinação do número
preciso de ciências ou de gênero de relações constantes entre o abstrato e o
concreto. Classificação das ciências.