Saturday, June 9, 2018

CONFÚCIO

CONFÚCIO (Em Construção)

     Confúcio, o tipo mais sistemático desta grande civilização.

1) O Eminente Koung-Fou-Tzeu, isto é, CONFÚCIO, objeto da profunda Veneração dos Habitantes da GRANDE CIVILIZAÇÃO CHINESA - Apreciação Abstrata de Confúcio e de sua influência sobre o conjunto da Civilização Chinesa, durante o Período Imperial.

    1.1) Considerações Gerais sobre a evolução Intelectual da China, e sobre a situação geral, no meio em que surgiu Confúcio, até 1911. 

Nestas duas últimas sessões apreciamos sumariamente, em primeiro lugar a inteligência fundamental da civilização chinesa; em seguida a história geral de seu desenvolvimento concreto, de modo que a situação, anterior a 1911, que este grande Império, fosse determinado e esclarecido por esta dupla evolução. 

Tivemos condição de ver, que o Império Chinês, constituiu-se gradualmente, segundo uma evolução, cujas leis gerais expusemos. Nesta teoria filosófica da civilização chinesa,  DO LIVRO DE ONDE FOI RETIRADO - http://www.doutrinadahumanidade.com/livros/ao_povo_e_governo_chines_viii.pdf indicamos sumariamente, o especial papel, do seu mais eminente filósofo, aquele que estabeleceu, as essenciais bases, segundo as quais, constituiu-se o elemento modificador da civilização correspondente. 

Demonstramos, com efeito, que dois elementos fundamentais se encontravam nesta evolução: a Família Imperial, de onde emana o governo monocrático, susceptível de ser substituindo, quando o exigirem imperiosas necessidades; e uma classe esclarecida, letrada, que representava ao mesmo tempo um elemento modificador e regulador. 

O homem que estabeleceu as bases da sistemática coordenação, desta classe dos letrados foi Confúcio.

 Pois era necessário consagrar uma especial apreciação a este filósofo; mas este trabalho será ainda útil, por outro valor, pois desenvolverá em nós, este justo sentimento de respeito, que nos permitirá concentrar, neste grande tipo, a representação concreta desta civilização. É por esta razão, que vamos consagrar a primeira parte desta sessão, à especial apreciação da obra de Confúcio.
Devemos primeiramente determinar a situação geral, no meio da qual, surgiu Confúcio. 

Veremos assim, sob o grau dos antecedentes que ele agiu; e como foi o órgão das necessidades fundamentais, de uma situação criada pelo passado; compreenderemos melhor então enorme poder de sua ação, percebendo quanto ela era convenientemente adaptada à inteligência da civilização correspondente. Confúcio foi com efeito, um dos homens, que mais profundamente influiu sobre o seu meio social. É preciso primeiramente explicar, como os esforços de Confúcio e de sua Escola, versaram essencialmente sobre a Moral, sobretudo a Moral Prática, isto é, a Educação dos Sentimentos, maximizando o Altruísmo e comprimindo o egoísmo; bem como as outras educações ou Instruções; e sobre trabalhos de erudição ou de sociologia concreta. A civilização chinesa era e ainda é como já deixamos estabelecido, essencialmente fetíchica; e foi neste sentido que ela se desenvolveu. Resultou daí, que a China ficou por muitos anos privada, da instituição social da Abstração. A instituição da Abstração é uma das maiores criações da Humanidade, e é ela que domina a evolução mental das populações adiantas cientificamente. Todas as inteligências mais elevadas tinham realizados os seus trabalhos científicos no Ocidente; cuja influência experimentou sem que, todavia percebessem, pois somente com Augusto Comte, que devemos a descoberta, bem como a sistematização deste grande fenômeno sociológico, por uma distinção dogmática e histórica, entre o abstrato e o concreto. Porque as influências sociais como as influências cosmológicas foram experimentadas, muito tempo antes, que as bem dotadas inteligências, tinham descobertas as leis que regem os fenômenos naturais. O teologismo estabeleceu a Abstração pela especial representação dos diversos e distintos fenômenos, por meio dos correspondentes deuses. Por não ter a China o teologísmo, que provoca espontaneamente o aparecimento da operação de abstração; fez por isso, não ser possível, este sistema operacional ser instituído de modo profundo e no seio da Família, de forma espontânea e natural. Ora, a Abstração, é a condição necessária, para ocorrer as grandes elaborações científicas, bem como de todo desenvolvimento estético, referente as artes do belo. Com relação a ciência, é evidente. Não há verdadeira ciência senão a ciência abstrata. Não é senão, estudando os diversos e distintos fenômenos, que se pode chegar constatar as suas leis naturais, É assim que se tinha desenvolvido, no Ocidente, a matemática, a astronomia, a física, a química, a biologia, a sociologia positiva e a moral positiva. Estas duas últimas ciências, percebidas por Augusto Comte, complementaram a seqüência enciclopédica das ciências positivas. Isto é, ciências que possuem simultaneamente os seguintes sete atributos: reais, úteis, certas, precisas, orgânicas, relativas e sociais. 133 Desde de então, a China essencialmente fetíchica, não podia apresentar, o grande movimento científico próprio ao Ocidente, e nem mesmo nada de análogo ao da Índia, naquela época. O mesmo acontece com relação, às grandes criações estéticas. A idealização é a condição de uma eminente e verdadeira arte. A abstração idealiza de um lado pela eliminação de certas propriedades, e de outro lado, porque permitindo considerar separadamente, as propriedades ou atributos dos seres; é possível então conceber, os extremos limites de variação quer para mais, quer para menos. A China sendo fértil em criações estéticas secundárias, com representações exatíssimas da realidade, devia permanecer estranha às grandes criações estéticas, políticas ou plásticas. A China ainda estranha ao teologismo, e por conseguinte, a instituição da operação de abstração, apresentou um meio social refratário às puras elaborações científicas, como as grande criações estéticas. Assim se explica o estranho fenômeno, muitas vezes evidenciado, de uma vasta população, tendo produzido imensos trabalhos morais e de erudição, e não tenha jamais, neste grandioso período Imperial, tido a oportunidade de ter criado uma ciência; bem como possa ter gerado uma arte verdadeiramente, de elevado nível. Eis pois, uma situação geral, que afasta as grandes inteligências, as naturezas teóricas, das especulações propriamente abstratas ou das grandes elaborações estéticas, isto é, das belas artes. É este o primeiro fator geral que dominou a evolução intelectual desta civilização. Mas a situação social propriamente dita atua nesta civilização, no mesmo sentido, que a situação intelectual, impelindo para as especulações morais, e principalmente de moral prática ou educação dos sentimentos com quase nada de educação científica e educação das artes, fazendo com que as inteligências teóricas, se afastem dos trabalhos da ciência pura. Já ficou estabelecido que um dos caracteres fundamentais da civilização chinesa, era ausência de castas, e por conseqüência, devido a ausência de casta sacerdotal, ou de classe puramente teórica, que não pode se formar pela ausência de uma sanção teológica. Resulta daí que a classe rica e mais esclarecida dedica a sua atividade na Administração, e ao governo propriamente dito na sociedade.
Segundo esta situação as inteligências puramente teóricas, são impelidas a dirigir suas atividades mentais, para as especulações morais, diretamente ligadas, ao governo da sociedade - também sob esta dupla influencia, os pensadores se tem essencialmente ocupado da Moral Pública; pode-se notar que a própria natureza da Moral, é perfeitamente adaptada a isso. A Moral constitui para a classe teórica, a passagem da teoria à prática; é ao mesmo tempo arte e ciência. Pela sua base, ela atinge as mais elevadas teorias, porque ela repousa necessariamente sobre o conhecimento da natureza humana, que finalmente repousa sobre todas as concepções científicas reais; pelo seu coroamento, tornando-se prática; porque institui o governo da natureza humana.
A Moral é teórica quanto a sua base; prática quanto ao seu imediato destino. É claro, que sob todos os aspectos, as grandes inteligências, achavam meio de satisfazer em semelhante estudo, suas verdadeiras aptidões mentais, procurando realizar, um real destino prático, conforme a influencia do seu meio social. Resulta pois daí, uma situação fundamental, que preparava e provocava a Grande Operação de Confúcio; operação que produziu admiráveis resultados, apesar das imensas perturbações dos Tao-sse, e dos budistas. Esta construção não foi grandemente eficaz, senão porque se achava precisamente na verdadeira direção, da evolução da civilização, no meio da qual se produzia; porque a coordenação de Confúcio é uma coordenação moral e política; e era o gênero de teoria que impunha aos verdadeiros pensadores, tal atuação.
Assim, o especial estado da China em que apareceu Confúcio, dava um alto imediato destino à sua elaboração filosófica. No momento que surgiu Confúcio, presenciamos uma civilização, cujos principais caracteres, já indicamos, existindo simultaneamente, em vários pequenos reinos, espalhados principalmente as margens do rio Amarelo, e em algumas localidades adjacentes, como Chan-toung. A origem comum da civilização, própria à estes pequenos Estados se manifestavam pela admissão de uma espécie de subordinação, mais aparente do que real, à dinastia dos Zhou, que continuava em mudanças inevitáveis a Família; instaladora da civilização chinesa. As lutas militares extremamente ativas existiam entre estes diversos pequenos reinos. Percebe-se por ali, um duplo fato: uma real similaridade de civilização, combinada com uma decomposição política, ou em outros termos, um mesmo Estado de Sociedade, coexistindo em vários países vizinhos; mais ou menos independentes e continuamente em lutas.
É claro que uma tal situação devia impelir as grandes naturezas, a tentarem fazer cessar, uma semelhante desordem, e implantar a unidade e a ordem entre populações; que tendo hábitos e idéias análogas; todavia se viam arrastados para contínuas perturbações. Semelhante organização poderia ser mais ou menos bem efetuada, pois isto dependia da natureza do órgão, que viesse aparecer para preencher a função; mas desde que houvesse uma situação que solicitasse semelhante esforço. Foi a esta grande missão, que se consagrou Confúcio. Ele procurava com efeito, agir sobre os chefes, os ministros destes diversos governos, em nome de uma doutrina moral, que não foi outra coisa, mais que a sistematização, mais ou menos abstrata do conjunto dos antecedentes da civilização chinesa.
Foi este o grande problema, que Confúcio quis resolver e resolveu, enquanto durou o regime Imperial. Ele procurou em seguida, por uma prédica ativa da sua doutrina moral e política, persuadirem os chefes, a fazerem cessar a permanente anarquia, de suas lutas militares, e as desordens de suas insuficientes administrações interiores; tendia assim fazer prevalecer cada vez mais, uma civilização pacífica e industrial, em relação aos antecedentes comuns, destas diversas populações.
Assim, após indicarmos a natureza destas grandes operações, como a situação às exigia, vamos ver como desempenhou o “órgão”, encarregado de tal função, pelo conjunto dos destinos sociais da China, daquela época.
APRECIAÇÃO DA OBRA E DA VIDA DE CONFÚCIO.
 O sobrenome do Sábio era Krong ou Khoung, seus nomes eram Tchong-ni e Tse. Era conhecido normalmente como Krong Tse. O que significa o Sábio Krong (Khoung).
Confúcio, foi uma latinização, dado no século XVIII, pelos jesuítas franceses que habitavam Pequim, o chamando de: Krong Fou Tse – “ O Maestro Krong”.
Nasceu em 551 antes de Cristo, e a história afirma que foi no dia de Kengtse, na Lua Nascente, no entanto sua família celebrava seu aniversário, dia 27 da oitava lua. O local, onde nasceu, foi no pequeno reino de Lou (Lu), que está situada na parte sudoeste da província de Chan-toung (Shandong).
Sua aldeia natal se chamava “ Tsou-i (O Campo do Angulo), estava a três lis (~3 Km) ao sudoeste da capital, chamada Lu tchreng; hoje é Tsiue-li – Bairro dos Miradores; que formava parte da cidade de Ts´iu-feu . No entanto o local de sua casa está ao lado de seu túmulo, ao norte da cidade, junto ao riacho Tchu, que é afluente do rio Se. Morreu com 73 anos, em 479 aC. , isto é, no 16o ano de Ngae Kong de Lu, 41o de Tsingoang dos Tcheu. Seu pai era governador de Tsou-i. Perdeu o pai muito cedo, e foi educado pela inteligente direção de sua devotada mãe. Educado com muito cuidado, mostrou desde a meninice esta combinação de inteligência, veneração e devotamento, que caracteriza esta sua nobre natureza.
Na idade de 17 anos, aceitou por convite de sua mãe, um mandarinato subalterno que consistia em inspecionar a renda dos cereais e de diversos produtos alimentícios. Mostrou nestas modéstias e úteis funções, uma grande firmeza. E esta constante preocupação com o interesse público, foi que dirigiu toda a sua existência. Casou-se na idade de 19 anos, e ainda por convite de sua mãe, e teve num filho, com esta sua primeira esposa, e no ano seguinte uma filha, Tche-tchang; e logo depois, na idade de 21 anos, obteve na administração pública, uma elevada função; foi encarregado da inspeção geral dos campos e dos rebanhos, com os poderes necessários, para operar neste sentido, todas as reformas que julgasse necessário.
Na idade de 24 anos, no momento de pleno desenvolvimento de sua carreira administrativa, perdeu a mãe. Conforme aos antigos costumes, mui negligenciados, mas cuja influencia ela desejava restabelecer e desenvolver; abandonou todo o emprego público; e consagrou três anos a um retiro que soube nobremente utilizar.
Foi então que concebeu definitivamente seu grande projeto de reforma.
Neste fecundo retiro, ele traçou o plano e entregou-se a profundos estudos, sobre a antigüidade chinesa; e sobre diversas questões de moral filosófica e de praticas educacionais; bem como as meditações indispensáveis à lapidação de sua grande missão. Terminada esta grande dedicação de meditação, completa os seus longos estudos, por diversas viagens, em grande número de reinos chineses, situados na parte baixa do rio Amarelo; apreciou por uma atenta observação, os diversos reinos, que desejava converter à sua doutrina; que não era outra se não a sistematização filosófica das tradições e das tendências da civilização chinesa.
A partir daí, durante 20 anos, percorre estes pequenos estados, formando discípulos; consultado pelos reis e ministros, e atuando continuamente sobre eles, para conduzi-los, a uma direção paternal moral e pacífica das populações que lhes eram submissas. Pelas pesquisas existentes, pode-se constatar que a ação de Confúcio estendeu-se exclusivamente à porção da bacia do rio Amarelo, ao redor do qual se constituiu, e propagou-se gradualmente em seguida para a população chinesa.
“Do lado norte, não foi além da fronteira do Pe-tchi-li, não passou o rio Kiang, do lado do meio dia; a província de Chan-toung foi seu limite do lado do Oriente, e a província do Chen-si foi o que ele viu de mais longínquo, do lado do Ocidente”. (G. Pauthier – Da China). De volta ao seu Estado ou reino, ou melhor, sua Pátria, e recebido aos gritos, com danças e risadas; aceitou o convite do rei de Lu, o Senhor Ngae Kong, que o recebeu em audiência no mesmo dia; retornando a atividade, entra para a administração; e foi com a idade de 50 anos promovido, as funções de chefe de magistratura civil e criminal; mostrando esta combinação de vida pública, e de estudos teóricos de moral e de história, que devia caracterizar a escola; e que não é no fundo, senão uma necessária sistematização do elemento modificador da civilização chinesa.
Mostrou desde o começo, em suas elevadas funções, firme posição, que constitui sua constante forma de ser; isto é, forte caráter. Assim, começava por exigir com efeito, a morte do principal funcionário público da precedente administração, de modo a precipitar sobre o principal culpado, um indispensável castigo; e provar ao mesmo tempo, sua irrevogável decisão de impedir, novas prevaricações; trouxe as estas elevadas funções, esta bondade ativa e devotada à causa pública, que nele se alinha à força, sem a qual ela abortava essencialmente.
Os historiadores chineses têm narrado cuidadosamente os detalhes desta administração. Vemos ao mesmo tempo muitos discípulos de Confúcio chegare aos diversos reinos da China, às mais elevadas funções administrativas e políticas, enquanto outros continuavam a propaganda filosófica e moral de seu  mestre. Por ocasião da morte do rei de Lu, seu protetor.
Ele abandonou os seus negócios públicos, e também imediatamente o seu país natal, e continuou acompanhado de um certo numero de discípulos, em suas peregrinações filosóficas e sociais, pelo outros diversos pequenos reinos da China.
Depois de 14 anos, retornou ao seu país natal, consagrou inteiramente os últimos anos de sua vida, a elaboração definitiva de sua doutrina, e a formação de discípulos, que deveriam continuar a sua obra. Entre os primeiro discípulos foi seu neto Tse-se – Pensamento de Sábio” filho de Po-yo – “ Pescado do Príncipe”; outros dizem que foi Tseng tse; podemos ainda citar entre os primeiros Tse-lu e Po-niu.
 Mas entre os grandes discípulos, o mais ilustre foi Ien Roe, Tse-tsien, Poniu e Jan Iong – Os que brilharam em eloqüência nos discursos foram Tsae Yu e Tse-kong. Os talentos para governar distinguiram a Tse-ieu e Tse-lu; os que sobressaíram em estudo e memória foram, Tse-si e Tse-sai. Beirando a idade dos 60 anos, perdeu a sua mulher, logo depois o seu filho, e por fim o seu mais amado discípulo, Yen-hoel, aquele em que ele depositava a sua predileção, pois via nele, a Humildade, a Virtude por excelência. Assim os últimos anos de vida, deste renovador social, foram amargurados.
 Algum tempo antes de sua morte, reuniu os seus principais discípulos, e fez-lhes as últimas recomendações, sobre o espírito de sua doutrina, e as condições de sua aplicação:
“A erva sem suco, disse ele, está inteiramente seca, eu não tenho mais onde me assentar para repousar; a sã doutrina tinha inteiramente desaparecida; tratei de invocá-la e de restabelecer o seu império. Não consegui; encontrar-se-á alguém depois de minha morte, que queira tomar para si, tão penoso encargo?“
 Seus funerais foram organizados pelos discípulos, com piedoso cuidado; eles instituíram o uso de uma peregrinação anual ao túmulo do grande renovador.
Sua escola prosperou, a sua influencia aumentou e honras gradualmente crescentes foram concebidas à memória de uma das mais nobres figuras intelectual da natureza humana, de que possa honrar a Humanidade; do homem que mais decisivamente influiu, e ainda influi, sobre a civilização chinesa; isto é, sobre o destino de centenas de milhões de Homens.
 O verdadeiro culto à Confúcio, começou sobretudo, sob o fundador da dinastia dos Han, que foi uma dinastia reparadora e progressiva. Elevaram-se grandes templos em memória de Confúcio, nas principais cidades da China. Foi sobretudo com Tchen-Thsoung, terceiro imperador da dinastia Song, que o culto à Confúcio, constituiu-se definitivamente; “ sob a dinastia dos Han, nomearam-no Koung ( Duque); a dinastia dos Tang o indicou como o primeiro Santo; ou homem puro; foi em seguida designado sob o título de pregador real; sua estátua, foi revestida de uma túnica, igualmente real, e uma coroa foi colocada em sua cabeça. Sob a dinastia Ming, foi nomeado o mais santo, o mais sábio e o mais virtuoso dos preceptores dos homens.” Por fim, os seus descendentes diretos, por uma exceção única, possuíam o título de nobres hereditários, que gozavam até 1911.
 Infelizmente não posso me estender sobre a vida deste Vulto Universal, pois o objetivo é outro, mas não devemos nos esquecer de apreciar o conjunto de sua obra.
 Não há propriamente falando, obras de Confúcio; além da compilação dos antigos monumentos da China; compilação que constitui os livros sagrados, propriamente ditos, que existem sob o nome de Confúcio; algumas obras redigidas pelos seus discípulos imediatos, que contem não somente suas teorias, mais ainda muitas vezes suas próprias palavras.
 As quatro principais obras que trazem o nome de Confúcio são: Hiao-king – O Livro da Obediência Filial; Ta-hio – O Grande Estudo; O Tchoung-young – A Invariabilidade no Meio; e Lun-yu – Entretenimentos Filosóficos. As duas principais obras, o Hiao-king e o Ta-ki foram redigidas por um discípulo imediato de Confúcio, Tseng-tse. Tseng-tse tinha nascido em Lu, na cidade de Wou, e tinha 46 anos a menos que seu Mestre; nasceu por conseqüência em 506 a.C. O Tchoung-young ou Invariabilidade do Meio, foi redigido por Tse-se, neto de Confúcio, que continuou a linha direta desta Grande Família. Tse-se tinha trinta e sete anos, quando perdeu o seu avô. Enfim o Lun-yu ou Entretenimentos Filosóficos foram recolhidos por alguns discípulos de Confúcio. Vamos nesta parte do trabalho, fornecer citações destas diversas obras : O Ta-hio , O Tchoung-young e O Lun-yu, afim de melhor fazer ressaltar o espírito geral da sistematização filosófica e moral, do Grande Sábio da China – o Senhor Confúcio. O Ta-hio, o Grande Estudo, se compõem de um argumento atribuído à Confúcio, e de uma explicação devida a Tseng-tse, discípulo deste filósofo. Esta curtíssima obra, tem sido por parte dos filósofos chineses, objeto de numerosos comentários, o mais notável, e que acompanha muitas vezes, é devido a Tchou-hi, que viveu pelos fins do século XII, da era cristã. Confúcio estabelece claramente em Ta-hio, o problema fundamental do aperfeiçoamento moral. “A lei do grande estudo, ou da filosofia prática, consiste em desenvolver, e por em evidencia o princípio luminoso, da razão que recebemos do Céu (Do Firmamento, do Cosmos) em renovar os homens, e fazer consistir o seu destino definitivo, no aperfeiçoamento ou soberano bem”. “Desde o homem mais elevado em dignidade, até o mais humilde, e mais obscuro, deve haver DEVER igual para todos; corrigir e melhorar sua pessoa, ou o aperfeiçoamento de si mesmo; é a base fundamental de todo progresso e de todo o desenvolvimento”. Eis, claramente estabelecida, em termos precisos o problema supremo: o aperfeiçoamento moral de cada um, tal é o destino final. O objetivo da filosofia 139 moral é chegar a construir este aperfeiçoamento. Confúcio também concebeu, de uma maneira geral, as condições mentais da solução deste problema. Os seres da natureza, têm causas e efeitos; as ações humanas têm um princípio e conseqüências: conhecer as causas e os efeitos, os princípios e as conseqüências, é aproximar-se muito de perto, do método racional, com o qual se chaga à perfeição. “É preciso conhecer primeiramente o objetivo que se deve atingir, ou seu destino definitivo, para depois tomar uma determinação; tomada a determinação, pode-se em seguida ter o espírito tranqüilo e calmo; tendo o espírito tranqüilo e calmo, pode-se depois gozar deste repouso inalterável, que nada pode perturbar; e pode-se em seguida, meditar e formar um juízo sobre a essência das coisas; tendo meditado e formado um juízo, sobre a essência das coisas, pode-se em seguida atingir o estado de aperfeiçoamento desejado.”
Assim, Confúcio estabelece, de um modo nítido e preciso, sem nenhuma espécie de preocupação com o sobrenatural teológico, o problema definitivo do destino do Ser humano: atingir pelo aperfeiçoamento moral o estado de plena unidade, empregando a inteligência, em descobrir as condições e os meios de solução. O comentário de seu discípulo Tseng-tse é destinado a desenvolver estas noções fundamentais, referindo-as a história primitiva, e as mais antigas tradições da China, de modo a manter e consolidar a continuidade social, em vez de rompe-la revolucionariamente, como fizeram até então, os outros renovadores. “Quanto era vasta e profunda a virtude de Wou-wang; diz Tseng-tse, no seu comentário. Como príncipe, colocava o seu destino na prática da Humanidade, para com os homens; isto é, colocava o seu destino, nos devidos respeitos ao soberano.; como filho, colocava seu destino na prática da piedade filial; como pai, colocava o seu destino, na ternura paternal; e si entretinha nas relações, ou contraia obrigações, com os homens, e colocava o seu destino, na prática da sinceridade e da fidelidade” . Desta forma acima, vê-se indicado, em que consiste este aperfeiçoamento moral, objetivo supremo da existência: fazer dominar as diversas relações naturais, pela Humanidade, a submissão, a piedade filial, a ternura paternal, a sinceridade e a fidelidade.
A concepção precisa do estado de perfeição, que concebe Confúcio, está exposta claramente e com precisão, principalmente no Tchoung-young ou Invariabilidade do Meio, devido como já foi dito, ao seu neto, Tse-se.
 Nesta obra, a mais sistemática que por ventura tenha emanado diretamente de Confúcio, Tse-se desenvolveu as condições mentais; e expõe a coordenação moral, donde resulta o tipo de perfeição, cuja a realização, é preciso ter em mira, em cada situação; mas que só pode ser atingido, por homens excepcionais, destinados ao governo moral ou político das sociedades. Vejamos como Confúcio, concebe o tipo de filósofo, ou do homem que chegou a realizar o ideal da perfeição. Texto abaixo extraído do Tchoung-young. “Somente os homens soberanamente perfeitos, podem neste mundo, conhecer profundamente a sua própria natureza; a lei natural do seu ser, e os deveres que dela decorrem; podendo conhecer a fundo, sua própria natureza e os DEVERES, que dela decorrem; podem por isso mesmo conhecer profundamente a natureza dos outros homens; a lei dos seus seres, e ensinar-lhes, todos os deveres, que eles têm a observar para cumprir o mandato do Céu; podendo conhecer a fundo, a natureza dos outros homens; a Lei dos ser deles, e ensinar-lhes os deveres que eles têm que observar, para cumprir o mandato do Céu; podem por isso mesmo conhecer, à fundo, a natureza dos outros seres vivos e vegetais e faze-los cumprir a Lei da Vitalidade, segundo a sua própria natureza; podendo conhecer a fundo a natureza dos seres vivos e vegetais, e fazê-los cumprir a sua lei da vitalidade, segundo sua própria natureza; podem por isso mesmo, por meio de suas faculdades intelectuais superiores, ajudar o Céu e a Terra,na transformação e manutenção dos seres; podem por isso mesmo construir, um terceiro poder, entre a Céu e a Terra”.
 “Os que vêm imediatamente depois destes homens, soberanamente perfeitos, por sua própria natureza, são aqueles que empregam todos os seus esforços, para retificar as suas inclinações desviadas do bem” O homem perfeito é aquele que dominado pelas inclinações morais, chega pelo conhecimento das leis naturais dos corpos vivos e inorgânicos, a modificá-las regularmente, de modo a aperfeiçoar, por uma intervenção sistemática, a ordem natural. Confúcio constitui assim, o nobre tipo do poder modificador, que constitui, segundo a sua bela expressão, um terceiro poder intermediário entre o Céu e a Terra. Existe aí como um profundo pressentimento da ordem normal, caracterizada com efeito pelo ativo aperfeiçoamento da ordem natural, sob o impulso de uma sociabilidade preponderante. Confúcio conheceu as leis gerais da atividade do Céu e da Terra, como base de uma sábia modificabilidade da ordem espontânea.
Confúcio trouxe ao aperfeiçoamento para a civilização fetíchica, pela astrolatria, de onde emana tomar emprestado, para sua sistematização política e moral as leis naturais do Céu e da Terra; um tipo de ordem e de regularidade, que ele procura realizar na vida humana, pela preponderância habitual, da sociabilidade sobre a personalidade; a única que pode realizar na ordem humana, o tipo de regularidade, fornecido pela observação do mundo exterior. Uma citação característica que nos mostra efetivamente, que é exatamente, sobre impulsos fetíchicos, da observação das leis naturais do Mundo, que Confúcio construiu o seu tipo de Ordem.
“O filósofo Confúcio, dizia Tseu-sse, recordava com veneração, os tempos dos antigos imperadores, Yao e Chun; mas se recordava principalmente pela conduta dos soberanos, mais recentes Wen e Wou.
Tomando por norma, de suas ações, as leis naturais e imutáveis, que regem os corpos celestes, por cima de nossas cabeças; que fornecia a sucessão regular das estações, que se opera no Céu; a nossos pés; ele se conformava com as leis, da terra e da água, fixas ou móveis”.
“Pode-se comparar Confúcio ao Céu, como a Terra que contem alimentos e alimentam tudo, que cobrem e envolve tudo; pode-se compará-lo as quatro estações, que se sucedem continuamente, sem interrupção; e pode-se compará-lo também ao sol e a lua, que clareiam alternadamente o Mundo.” “Todos os seres da natureza vivem juntos da vida universal e não se prejudicam uns aos outros; todas as leis que regulam as estações e os corpos celestes realizam-se ao mesmo tempo sem se contrariarem entre si. Uma das faculdades parciais da natureza é fazer correr esse riacho, mas as grandes energias, as grandes e soberanas capacidades, produzem e transformam todos os seres. Eis com efeito o que torna grande o Céu e a Terra.”
A ordem exterior fornece ao mesmo tempo, o tipo de toda a regularidade e o ponto de partida, e condição necessária, de toda a modificabilidade. Mas esta reação não pode, nem deve ser operada, senão sob a direção de uma verdadeira sistematização moral. Os caracteres gerais desta sistematização, cujo princípio fundamental, apenas foi indicado, como sendo a preponderância da sociabilidade sobre a personalidade. “Os deveres mais universais, para espécie humana, são em numero de cinco ; e o homem possui três capacidades e competências naturais, para praticá-los. Os cinco deveres são : as relações que devem existir entre o príncipe e os ministros, o pai e os filhos, o marido e a mulher, os irmãos mais velhos e os irmãos mais moços; e a união dos amigos entre si; cujas cinco relações, constituem a lei natural do Dever, a mais universal dos homens. A consciência que é a luz da Inteligência, para distinguir o bem do mal; a Humanidade, que é a equidade do coração; a coragem moral, que é a força da alma; são as três grandes e universais faculdades morais do homem; mas aquilo de que nós devemos servir para praticar os cinco grandes deveres, se reduz a uma só e única condição.” Segundo o crítico e comentador Tchou-hi (Século XII da era cristã), resulta do Tchoung-young, que a prudência esclarecida, a Humanidade ou a benevolência universal, para com os homens e a força da alma, são as três 142 virtudes universais ou capitais, ou a porta por onde se entra, no caminho direto, que devem seguir todos os homens. Segundo Confúcio, as faculdades essenciais para se atingir este estado de perfeição moral que permite nos devotarmos ao serviço de todos os homens são: a prudência, a Humanidade e a coragem. De acordo com tal concepção, Confúcio constituiu, o tipo de homem de Estado, estadista, votado ao serviço contínuo da sociedade: “Todos aqueles que governam os Impérios e os reinos, têm nove regras invariáveis a seguir, a saber: regular-se ou aperfeiçoar-se a si mesmo; reverenciar os sábios; amar seus pais; honrar os primeiros funcionários do Estado, ou os Ministros; estar em perfeita harmonia com os outros funcionários e magistrados; tratar e querer ao povo, como a um filho; atrair para si todos os sábios e artistas; acolher com agrado os homens que vêm de longe, e tratar com amizade, todos os grandes vassalos”. “Desde que o príncipe estivesse bem estruturado e tenha melhorado moralmente a sua pessoa, desde logo os deveres universais serão cumpridos, para com ele mesmo, etc, etc. .“. (Tchoung-young) Além de uma tal sistematização moral, Confúcio, em harmonia com este grande objetivo de sua existência, recolheu todos os antigos monumentos literários da civilização chinesa, donde resultaram como retoques literários, essencialmente aqueles, sob a dinastia dos Han (206 a . C.), os livros sagrados da China.
Estes livros sagrados são: Y king (I Ching) ou Livro das Transformações ou das Transmutações, o Chou-king ou Livro dos Anais, o Chi-king ou Livro dos Versos e o Li-ki ou Livro dos Ritos. O Chi-king ou Livro dos Versos é uma coleção das mais antigas poesia chinesas e que remontam às épocas mais afastadas desta civilização; Li-ki ou Livro dos Ritos é uma coleção de ritos, segundo os quais se regulam as diversas relações humanas. Este livro contém documentos antiqüíssimos. O Y-king ou I Ching ou Livro das Transmutações, é um das mais antigas relíquias da civilização chinesas. Na Antiga China Fetichista, o oráculo I Ching ou Livro das Mudanças ou Transmutações, em 1123 aC, escrito por Wen Wang, na prisão; baseado no Livro das 64 Combinações - Hsiangs ou Trigramas, escrito por Fu Hsi ( Fu Hi)em 2852 aC., este último livro corresponde também a uma belíssima tentativa de compreender o Mundo e o Homem, mediante a associação de casos concretos, ao aspecto mais geral das mutações universais, comuns a todos os Seres. E finalmente o livro sagrado e mais importante para Confúcio, que foi Chou-king ou Livros dos Anais, que contem noções históricas, do mais elevado interesse sobre as antigas dinastias da China. O período que esta obra abrange, se estende desde os Imperadores Yao e Chu (2357 a.C. até o ano 790 a.C)
A história autentica da China, não remonta, segundo os críticos, muito além de 2357 a.C; depois disso entra-se em períodos nebulosos, ou semi nebulosos, com muitas fábulas.
 Assim, Confúcio além da direta obra de sua sistematização moral colecionou as fundamentais tradições da civilização chinesa, da qual se apresentava como continuador, com toda razão; porque, com efeito, a sua obra continuava a aperfeiçoar a tradição, em vez de maldizê-la; como os cristãos em relação ao politeísmo teológico e ao fetichismo.
 Com base nestas informações, podemos sumariamente resumir a obra de Confúcio, e a apreciação do seu caráter e do seu papel.
Não há dúvida que este grande filósofo, apoiou-se sobre o conjunto dos antecedentes e das tradições, para produzir uma imensa evolução moral e social, em seu povo. Não se trata aqui, destas hipóteses arbitrárias, pelas quais o cristianismo se construiu na tradição artificial, na impotência, de realmente representar uma teoria verdadeiramente científica, dos antecedentes de onde emanou. No entanto, Confúcio é um filósofo que se apóia, real e sinceramente, sobre uma série dos antecedentes da civilização chinesa, e que prossegue no desenvolvimento sistemático dessa civilização. É um tipo verdadeiramente normal, e intimamente relacionado ao verdadeiro espírito científico, que apóia sempre as suas construções atuais, sobre as construções anteriores. Sob o impulso cristão e revolucionário; os Ocidentais, pelo contrário, nas suas especulações morais e sociais, que desenvolveram uma disposição ao mesmo tempo irracional e universal, em desconhecer completamente a continuidade social. Confúcio busca seu ponto de apoio no fetichismo Astrolátrico, base da civilização chinesa. Aceitando inteiramente o fetichismo Astrolátrico e respeitando profundamente o culto construído sobre estas bases, ele começa por operar no fetichismo uma transformação, que se realizará plenamente entre os mais distintos dos seus sucessores. Com efeito começa a operar a distinção entre a atividade e a vida. O fetichismo considera todos os seres não somente como ativos (o que é perfeitamente científico) mas ainda como vivos, o que não é verdadeiro senão, com relação a um certo número dentre eles. Em Confúcio, já se vê claramente aparecer que se trata muito mais das Leis Naturais do Céu e da Terra, do que as vontades destes dois seres preponderantes, de tal sorte que, o comando seja concebido como um mandato do Céu; e este mandato tende a representar, em vez da vontade celeste, a fatalidade que resulta das leis naturais regulares; esta concepção de Confúcio tem tanto maior importância, quanto he dá mais generalidade, concebendo essencialmente todos os fenômenos sociais, como regulados pelas Leis dos fenômenos celestes; o que é verdadeiro até um certo grau.
 Os fenômenos astronômicos dominam os fenômenos sociológicos, mas não no grau de precisão, em que se lhe deixa supor em princípio. Assim os eminentes pensadores da Escola de Confúcio, tenderam espontaneamente para o estado científico, concebendo todos os corpos, como ativos, mas não como vivos; de modo a apresentar um estado mental superior em racionalidade, ao estado teológicometafísico.
Sobre a base construída sobre o regime Astrolátrico, Confúcio construiu sua sistematização moral, tomando emprestado ao fetichismo Astrolátrico as noções de ordem e submissão, que resultam necessariamente do tipo dos fenômenos celestes. Sobre este ponto, ele coordenou a moral, com o pleno sentimento de um grande destino político e social. Trata-se aqui, de uma moral verdadeiramente prática, em que os deveres, próprios as diversas relações da vida humana, são claramente formulados, concebendo sempre, que o último objetivo é o estado de plena unidade caracterizada pela preponderância da sociabilidade sobre a personalidade. Como condição da solução em tal problema, ele sistematizou a preponderância da família, estabelecida ao mesmo tempo, sob a submissão filial e o devotamento paterno. O conjunto desta construção moral é muito geral. Ele está como se vê, completamente despida de toda preocupação sobrenatural. Como já foi explicado neste artigo à construção moral dependia da ausência da inteligência teológica e da preponderância contínua do regimen fetíchico-astrolático. A propósito desta ausência completa de crenças sobrenaturais, faz registrar que na moral de Confúcio, falta a sanção. Mas é lógico; pois aqueles que são dominados pelos preconceitos teológico-metafísicos, ao nível de não compreender que esta pretendida ausência de sanção constitui ao mesmo tempo, a realidade e a nobreza da moral de Confúcio. Porque a falta de sanção sobrenatural, que é sempre essencialmente pessoal faz ressaltar em Confúcio a admissão formal da existência espontânea de sentimentos benévolos.
Confúcio reconhece a moralidade espontânea da natureza humana. A sanção consiste precisamente na felicidade, de fazer o bem pelo bem, neste estado de plena unidade, que visa como ideal o verdadeiro sábio, sob o impulso de uma ardente sociabilidade, esclarecida por uma ardente razão. As concepções teológico-metafísicas têm tendido a degradar neste particular, a verdadeira noção da natureza, sobretudo depois que os inconvenientes da doutrina não são mais contrabalançados pela sabedoria do sacerdócio. Politicamente, o gradual desenvolvimento da reforma de Confúcio, teve como resultado, dar a classe modificadora da civilização chinesa, uma sólida constituição, que assegurou e aperfeiçoou sua ação, cuja influencia ainda perdura e tem sido continuamente crescente sobre a sociedade correspondente. Tal é o conjunto desta grande existência sistemática e ativamente votada à realização de uma nobre reforma social. Certamente a civilização ocidental, nos apresentava tipos superiores, no que tange a inteligência ou como atividade, ao filósofo chinês. Aristóteles e Arquimedes possuíam uma inteligência de ordem mais elevada. César foi um homem de Estado, de muito maior pujança. Mas podemos dizer com absoluta certeza que o Ocidente não formou um tipo que realizou ou venha realizar, no mesmo grau que Confúcio, esta grande aliança do Bom Senso com a Moralidade; ao mesmo tempo uma longa atividade devotada ao melhoramento geral da correspondente sociedade.
Eis um filósofo, sem apoiar sua renovação, sobre nenhuma superstição; proclamando o aperfeiçoamento moral, como objetivo supremo, e fazendo-o consistir, em um devotamento contínuo à Sociedade, cujas melhorias nas bases essenciais, não rompendo de modo algum, com as tradições da civilização, que deseja melhorar; e dá por sanção definitiva, a tal vida, o profundo sentimento de haver cumprido o seu dever. Certamente os Ocidentais podem se instruir na contemplação semelhante podendo aprender em contraposição à irracional gratidão cristã e revolucionária; que pode procurar realizar a evolução sem romper com os predecessores; e que se modifica tanto mais dignamente uma sociedade, quanto mais cientemente se procura apoio, sobre aqueles que nos precederam, fazendo inteira justiça à sua ação. Assim, o Ocidente, se conseguir o nível de esclarecimento científico e for regenerado pelo fetichismo chinês, colocará cada vez mais entre os objetos de sua intima veneração, o ilustre filósofo que um imenso império proclamou, como o mais eminente dos renovadores; depois que Augusto Comte, bem mais tarde, sistematizou cientificamente a Doutrina da Humanidade. Neste ponto do trabalho podemos analisar a sistematização de Confúcio, em si mesma, e relativamente a coordenação definitiva da ciência humana.
A Teoria de Confúcio consiste em uma empírica coordenação moral, tendo por preciso destino, a direção efetiva da natureza humana.
Ora a imensa lacuna de desta coordenação, é precisamente a própria lacuna da civilização chinesa; isto é, a ausência de um desenvolvimento conveniente da ciência abstrata; para fornecer uma base sistemática à moral, e que permitisse uma suficiente modificação, quer no mundo exterior, quer do mundo psíquico do homem. Porque a modificabilidade repousa inteiramente sobre o estabelecimento das Leis Abstratas Naturais. É o conhecimento das Leis Abstratas Naturais, dos fenômenos, que permite unicamente instituir uma modificabilidade, ao mesmo tempo poderosa e regular. Para precisar uma apreciação desta ordem, vamos relacioná-la pela Série Enciclopédica, na qual Augusto Comte, condensou hierarquicamente o conjunto das ciências abstratas. A hierarquia enciclopédica oferece-nos, as ciências abstratas na seguinte ordem: matemática, astronomia, física, química, biologia, sociologia e moral. A moral que arremata, esta longa evolução mental, compõe-se de duas partes: a 1a , a Moral Teórica instituindo o conhecimento da natureza humana, isto é, a Psicologia Científica ou Ciência da Construção; a 2a é a Moral Prática, instituindo o governo da natureza humana; isto é, a Arte da Educação, não só de ensinar subordinar os Sentimentos do egoísmo aos do Altruísmo, como também alertar a subordinação do Progresso à Ordem; dos direitos aos Deveres; e da análise à Síntese; o que permitiu admitir-se que não há normalmente senão ações práticas, atuando umas sobre as coisas, e outras sobre os homens. 146 Mas, a natureza necessariamente sistemática, do segundo modo de ação, tem feito com que se dê à Classe, que dele se ocupa, o nome de Classe Teórica.
Notamos depois destes esclarecimentos, que claramente, a existência de uma profunda lacuna, que a própria natureza da civilização chinesa, impôs à sistematização de Confúcio. Faltava-lhe a longa elaboração abstrata, que vai da matemática à moral, e sem a qual, não se pode estabelecer uma verdadeira teoria, suficientemente profunda, da natureza humana. Mas esta mesma lacuna teórica é para o governo da natureza humana, uma causa de grande insuficiência; porque o homem social, não pode ser assim insuficientemente dirigido, por falta de um profundo conhecimento das Leis Naturais Abstratas, dos diversos fenômenos que o dominam, desde os fenômenos matemáticos, até os fenômenos sociológicos e morais; ou ditos sociais. Ora, a evolução ulterior da China, não podia preencher tal lacuna, tendo a própria natureza da civilização chinesa, ser antipática a instituição da abstração; e por conseqüência, ela era imprópria às necessárias elaborações científicas. O trabalho filosófico próprio da Escola de Confúcio reduzia-se essencialmente a alguns desenvolvimentos e comentários. A análise, que acabamos de realizar, mostra que até 1840, início da Época Moderna da China (1840 a 1919), o povo chinês, carregava uma profunda insuficiência intelectual científica, devido a esta bela sistematização empírica de Confúcio; no entanto esta mesma análise mostra ao mesmo tempo, de que forma o Ocidente poderia ter atuado, pelos seus órgãos mais eminentes, sobre tal civilização, para ter respeitado o seu grande estado de comportamento Moral e para manter a sua cultura milenar, altamente saudável à evolução da Humanidade. Se a ciência Ocidental tivesse aceito como Confúcio, a supremacia da Moral, isto é, “ Viver para Outrem” , chegaria então a fazer compreender aos intelectuais diretores desta civilização, da necessidade de dar-lhes uma base, que viesse à consolidá-la e a fortificá-la; e que lhe permitisse enfim, instituir um conveniente e pacífico governo, da natureza humana.
Perdeu-se esta grande oportunidade, pois em 1860 Pierre Laffitte, discípulo direto de Augusto Comte, indicava uma linha de conduta, para facilitar o entendimento com a China, mas o positivismo nesta época, como hoje em dia, ainda está em uma fase embrionária, com poucos humanos no poder, para poder fazer chegar tais proposições, de elevado nível político e moral, aos atuais governantes tanto do Ocidente como do Oriente. Mas, penso que chegou o momento de reativar, alertando que os contatos atuais da China com o Mundo invertem esta posição, de só uma mão visitar o território Chinês que farão compreender, os espíritos filosóficos que operavam no período anterior a 1911; bem como ainda operam na maioria da população chinesa, para criarmos a necessidade de uma ciência social, que saiba apreciar estados sociais tão diferentes, como os gerados pelos raciocínios fetichistas dos chineses e dos teológico-metafísicos do Ocidente; sem destruir a cultura milenar chinesa, e que seja mantida, passado as mentes mais inteligentes, a operarem no campo científico; e as menos, ficariam no fetichismo Astrolátrico confunciano, para o bem da China; e não para o bem dos capitalistas ocidentais, com seus teologismos bíblicos ; que pregam :” façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço” , que só resolvem os conflitos, pela guerra. “ O Vencedor da Guerra, está com Deus” Caso os Positivistas tivessem tido oportunidade e meios de comunicação com os comunistas da época de Mao, provavelmente a Sociologia Positiva, de Augusto Comte, com conhecimento da Ciência Moral Positiva, pudesse ter tido sucesso para colaborar, no freio do caos capitalista democrático.; a necessidade desta sociologia teria tido efeito gradual, por uma série incontestável, a necessidade da biologia, da química, da física, da astronomia e da matemática, segundo as dependências, que ligam entre si, as diversas ordens irredutíveis dos fenômenos; donde resultaria em resumo, a necessidade para que os pensadores chineses, da Academia de Ciências Sociais da China, efetuassem hoje, um estudo sistemático, da grande hierarquia abstrata, base essencial do estudo mental definitivo da espécie humana; bem como a proposta positivista de um Regime Societocrático.
Pelo Positivismo, que respeitaria a evolução total da China, operaria a renovação total do seu estado mental, isto é, de um modo tanto quanto mais completo, incorporando o fetichismo Astrolátrico, que desta forma adotaria o seu culto oficial; sem necessidade de passar pelo estado teológico e metafísico, tão retrógrado e prejudicial ao estado pacífico do Ser humano; e atingir o estado positivo ou científico, da evolução da inteligência humana; como está sendo feito de forma errônea hoje em dia, fazendo esquecer o Altruísmo, para entrarem no egoísmo tão maléfico a sociabilidade humana; com o capitalismo; que provoca o desemprego em massa; os conflitos internos de mercado, da disputa constante, a maximização dos direitos, com a minimização dos Deveres; enriquecendo alguns poucos, e empobrecendo a maioria, levando muitos ao estado de miserabilidade. Mais caos interno. O melhor era na época dos Impérios, onde os pobres não sabiam como os ricos se comportavam. Agora sabem, e vão desejar ser ricos, de qualquer forma, por roubo, por corrupção, e etc..
   Considerações Gerais sobre a Escola de Confúcio ou Escola dos Letrados. Indicaremos agora de modo sumário, os principais trabalhos criados pela Escola de Confúcio, ou melhor, o espírito geral que domina tais trabalhos. É evidente, que não se trata aqui de relatarmos uma história detalhada da filosofia e da ciência chinesa; isto levaria muito tempo e não terá no momento, um grande interesse; o importante para todos nós é conhecer seu essencial caráter. O estudo aprofundado dos historiadores chineses nos forneceria novos detalhes; vastos trabalhos têm sido feitos, sobre este assunto, e eles são mais que suficientes, para contribuir segundo as leis gerais da filosofia da história, uma sã teoria científica, desta evolução mental. Três ordens de trabalho emanam da Escola de Confúcio e estão profundamente impregnados do próprio espírito da civilização chinesa, tal como nós a definimos:
 primeiramente obras morais de desenvolvendo das doutrinas de Confúcio; e em
 segundo lugar, uma filosofia natural que transforma o fetichismo Astrolátrico, pela separação da idéia da vida, apoiando sobre as bases estabelecidas por Confúcio;
 enfim, imensos trabalhos de erudição de estatística, e etc. e etc.,
em uma palavra, trabalhos de sociologia concreta.
Por que os trabalhos de erudição são trabalhos de sociologia concreta?
Porque os trabalhos de erudição são no fundo, coleções de observações que servem de ponto de partida, a verdadeiros trabalhos científicos em sociologia. Foram nestes trabalhos preparatórios, que parou a civilização chinesa, segundo o espírito ou inteligência concreta que a caracteriza.
 Vejamos primeiramente os trabalhos de filosofia moral.
 Estes trabalhos são imensos e com numerosos comentários de Confúcio; eles explicam e desenvolvem as formulas da sistematização empírica deste renovador, mas sem mudar coisa alguma, ao espírito(inteligência) fundamental da sua construção; baseando-se no sistema de exames e no estudo dos livros morais de Confúcio; desenvolveu naturalmente esta imensa literatura dos comentadores.
O principal filósofo que marcou o caminho praticado por Confúcio, foi Mencio (Mengtseu). Meng-tseu nasceu em 371 a.C. na província de Chan-toung e morreu no ano de 289 a . C., com idade de 82 anos; ocupava com justiça, na estima dos chineses, lugar imediato a de Confúcio. Prestavam-lhe honras públicas, análogas as prestadas ao próprio Confúcio, a quem estava sempre associado na veneração pública.
Há em Meng-tseu, um caráter particular que constituiu um progresso real, na construção dos princípios de Confúcio. Muito mais que Confúcio, ele sistematizou as condições de eliminação da família Imperial ou do elemento central; eliminação necessária, quando este não mais o preenche, de um modo verdadeiramente suportável, as condições fundamentais de sua função.
Estabeleceu claramente que quando o chefe de família imperial não mais preenchesse, os deveres morais e sociais ligados a sua função, deixa de ser chefe, isto é, deixa de ser filho do Céu;
 o mandato do Céu, em virtude do qual ele governa, isto é, devido ao descumprimento das leis naturais dos astros; deve serlhe retirado. Há em Meng-tseu, um caráter de mais clara oposição às invasões e as perturbações, que podia suscitar o poder imperial, que decresce como elemento da unidade de conservação e de extensão, da civilização chinesa. Não há duvida que é necessário se modificar algumas vezes o órgão preponderante da sociedade. Foi esta necessidade que Meng-tseu sistematizou, determinando suas condições gerais. Um tal espírito, está como se vê, bem afastado do espírito de submissão absoluta, que emana do espírito (inteligência) puramente teológico.
Entre os numerosos comentaristas que abordam Confúcio, podemos, sobretudo citar Tchou-hi, que viveu pelos fins do século XII a. C., sob a dinastia dos Song. Tchou-hi tornou-se por excelência o comentarista clássico; e seus comentários não são normalmente separados da obra de Confúcio e de Meng-tseu.
Estes comentários são plenos de sabedoria e de bom senso, como os de todos os letrados chineses em geral; quando seus espíritos não são alterados, pelas extravagâncias teológicas dos budistas e dos Tao-sses. Estes trabalhos de filosofia moral, consistentes em comentários nos livros fundamentais da China têm sido referidos até em nossos dias de hoje; e muitos soberanos colaboraram para construir estes trabalhos. Confúcio havia distinguido a atividade da vida.
Foi o ponto capital de partida, onde resultou uma filosofia natural que constituiu um intermediário entre o fetichismo e a ciência propriamente dita, base dogmática do Positivismo.
 Assim podemos dizer que Tchou-hi fundou uma filosofia atomística, na qual estabeleceu definitivamente para os espíritos desenvolvidos pelo estudo, ou cultivados, a separação nos corpos, da noção de atividade, da noção de vida; esboçada por Confúcio. Os fenômenos não resultam mais, como no fetichismo primitivo propriamente dito; das vontades dos seres correspondentes, que as manifestavam; é simplesmente um resultado dos diversos modos de atividade desses seres; isto é, conhecer as leis naturais que os regem; isto é, que regem os seus fenômenos. Tchou-hi admite que a atividade especial de cada um desses Seres produz os diversos fenômenos: atividade especial cuja manifestação se acha regulada pela atividade preponderante do Céu; o que é uma transformação positiva do fetichismo astrolático da China; e esta concepção tem a vantagem de representar a preponderância normal dos fenômenos astronômicos sobre todos os outros. Esta preponderância é filosoficamente estendida, posto que de um modo exagerado, até os fenômenos sociais, cujas evoluções, estão ligadas às revoluções astronômicas. É incontestável que a vegetalidade, a animalidade e a sociabilidade são efetivamente dominadas, pelas leis naturais mais gerais do mundo. Desta forma, em uma filosofia, onde impere as noções de seres sobrenaturais, exteriores aos seres reais, e que produz neles os diversos fenômenos, segundo inexplicáveis caprichos, é completamente eliminado; tudo se explica pela atividade espontânea dos próprios seres. Uma concepção aproxima-se essencialmente da que serve de base à ciência propriamente dita; mas falta-lhe na sua maioria a instituição da abstração científica. Mas, em que consiste, com efeito, a verdadeira sistematização científica? Consiste em conhecer a atividade espontânea dos diversos seres, e em procurar as leis naturais abstratas, próprias aos seus diversos modos de atividade, ao mesmo tempo comuns a um grande numero de seres diferentes. Os chineses também têm um considerável numero de obras de história natural, isto é, coleções de observações relativas, aos diversos seres; mas, estas noções muito numerosas e muito precisas são essencialmente concretas, com o sentimento, muito presente de um destino prático e não conduziram a nenhuma 150 verdadeira lei biológica. Constataram e colecionaram com precisão grandíssimos números de observações meteorológicas; sua astronomia tinha o mesmo caráter – as suas observações puramente concretas são numerosas e assaz precisas; mas as teorias, propriamente ditas, e no fundo eram muito pouco desenvolvidas, e emanavam dos astrônomos muçulmanos e cristãos da época. Em resumo, imensos desenvolvimentos de precisos e numerosos trabalhos de observações concretas; no entanto, com ausência de ciência verdadeiramente abstrata, nos estudos cosmológicos e biológicos. Este mesmo caráter, conseqüência inevitável da própria natureza da civilização chinesa, também se manifesta, nos estudos relativos aos fenômenos sociais. Deve-se aos chineses, admiráveis trabalhos de erudição, isto é, de sociologia concreta. Confúcio ocupou-se de trabalhos históricos, ao ter feito uma compilação dos trabalhos intelectuais da China, registrando uma história do reino de Lu. No entanto o sentimento de continuidade, preponderante na China Imperial, e até hoje, explica suficientemente esta ativa preocupação dos estudos históricos, do mesmo modo que o espírito verdadeiramente positivo, e desligados de crenças sobrenaturais, dá perfeitamente conta do espírito de exatidão, de critica minuciosa e paciente, que caracteriza as principais obras de erudição dos sábios chineses; as fábulas e as divagações, sempre emanam da influencia perturbadora dos budistas e dos Tao-sse. Os sábios da escola de Confúcio, marcharam pacientes e exatos, por esta trilha de estudos históricos; e seus trabalhos versaram não somente sobre a China, propriamente dita; mas também sobre todas as populações circunvizinhas; em relação ao comércio e a política. É neste fecundo celeiro de historiadores chineses que se tem uma abundante fonte, onde podemos retirar noções positivas e sérias sobre a história e a geografia das populações tártaras. Foge ao escopo deste trabalho, se propor fazer um resumo dos trabalhos de erudição, devidos à China; mas devemos deixar registrado, um dos trabalhos mais eruditos da Velha China, como sendo de Ssema-thsian, conhecido como o Pai da História, o Heródoto da China. Nasceu em Louung-men, província de Chen-si, no ano de 165 a .C., sob a dinastias dos Han do Este; isto é, sob a grande dinastia reparadora, que se tendo aproveitado dos resultados do enérgico impulso de Thsin-chi-hoangti, retomou o desenvolvimento da civilização chinesa, seguindo o espírito de seus verdadeiros antecedentes. O pai de Thsin-chi-hoang-ti, que foi historiógrafo da Corte da China, ensinou o seu filho a escrever a história do povo chinês, e o educou para que viesse tornar-se digno de uma distinção. “Ele, Thsin-chi-hoang-ti, foi encarregado de dirigir uma expedição militar, que o conduziu às províncias de Yuan e de Sse-tchoun (hoje --------?) Foi durante desta viagem , que ele soube que Ssema-thsian, seu pai, estava muito enfermo. 151 Não perdeu tempo em retornar, para junto do pai, mas só chegou, para receber os seus últimos suspiros. Mesmo no leito da morte, Ssema-thsian, conservou os sentimentos dos deveres; e a viagem que seu filho acabara de fazer, ainda o interessava, como pai, e como historiador. Fez com que lhe relatasse detalhadamente a sua viagem, e depois de tê-lo ouvido, dirigiu-lhe um discurso, que de Thsin-chi-hoang-ti, registrou: O grande historiador tomou minhas mãos entre as suas, disse ele, e com lágrimas nos olhos, falou-me assim: Os nossos antepassados, desde o tempo da terceira dinastia, constantemente ilustraram-se na academia da história. Seria a min que estaria reservado ver acabar esta honrosa sucessão? Se me sucederes, meu filho, leve os escritos de nossos antepassados. O imperador cujo glorioso reinado se estende por toda China, me havia ordenado, que assistisse as solenes cerimônias, que ele praticara sobre a Montanha Sagrada, não posso por-me às suas ordens. Para cumprir estas ordens, serás sem dúvida chamado. Lembrai-vos então dos seus desejos. A piedade filial se mostra primeiramente nos deveres que se cumprem, para com os pais, nos serviços que se prestam ao príncipe; enfim no cuidado, que se toma na sua própria glória. É o cúmulo da piedade a seu pai e a sua mãe, pois deves incrementar gloriosamente, um nome tornado célebre ”( Abel de Rémusat, Novas Miscelâneas Asiáticas, Vol. II) Thsin-chi-hoang-ti executou o que o seu pai lhe havia indicado. Tornou-se historiador, historiógrafo titular e finalmente responsável pela censura, como censor. Teve a dupla função de narrar o passado e aconselhar o presente. Preencheu as suas funções de censor, em circunstancias verdadeiramente difíceis e com um heroísmo que o honra. Os seus trabalhos históricos são imensos, precisos, conscenciosos e guiados por uma sábia e esclarecida critica. A sua obra é um admirável monumento de erudição. “A sua obra intitulada Memórias Históricas” dividi-se em 130 livros, subdivididos em 5 partes. A primeira parte abrangendo 12 livros, contém sob o nome de Crônica Imperial, tudo o que é relativo ao Império, considerado no seu conjunto. – A Segunda parte, composta de 10 livros é formada de quadros históricos e de quadros sinópticos. A terceira parte em 8 livros, é designada pelo título de Pa-chou, ou os oito ramos da ciência. O autor trata o conteúdo dos ritos, à música, aos tons considerados como tipos das medidas de comprimento, a divisão do tempo, as cerimônias religiosas, a astronomia, aos rios, aos canais, e aos pesos e medidas. Ssema-thsian trata em outras tantas separadas dissertações de todas as variações, que tem experimentado estes diversos objetos, durante os 22 séculos, que é abrangência de sua obra. A Quarta parte formada de 30 livros, encerra a história genealógica de todas as famílias que possuíam algum território, desde os grandes vassalos da dinastia dos Zhou, até aos simples ministros da dinastia dos Han. – Enfim a Quinta e última parte, composta de 70 livros é consagrada a memória sobre a geografia estrangeira, e a artigos de biografia mais ou menos extensos, e sobre todos os homens que conquistaram, um nome nos diversos 152 ramos da ciência ou da administração. (Abel de Rémusat, Novas Miscelâneas Asiática Tomo II). Os letrados da China, escreveram um grande numero de enciclopédias, umas gerais e outras especiais. Algumas são relativas as diversas profissões, ao trabalho da porcelana, aos dos bichos da seda, a agricultura, etc. e etc.. As relativas a diversas administrações, a vigilância dos seleiros públicos, aos trabalhos de direção dos rios, e etc.. Uma das mais eminentes enciclopédias chinesas é a de Ma-touan-lin. Ma-touan-lin nasceu na província de Kiang-si ( Jiangxi ?) ou (Guangxi ?), no meado do século XIII d. C.; teve como mestre, o célebre comendador Tchou-hi, de quem já falamos. A queda da dinastia dos Song em 1279 d.C. e a conquista dos Mongoes; fez com que Tchou-hi, se dedicasse inteiramente aos seus trabalhos de erudição; renunciando a carreira administrativa. Consagrou 20 anos para terminar sua imensa obra, sob o nome de Pesquisa aprofundada dos Antigos Monumentos, que constitui o seu grande título de glória. Assim fica registrado que estudos Concretos, Especiais, Precisos e Exatos, mas com ausência da Ciência propriamente dita, foram desenvolvidos, até o ano de 1840 d.C. / 1919 d.C., ou mais recente; que consiste sempre na descoberta das Leis Naturais Abstratas dos fenômenos; e este caráter essencial, que resulta do espírito ou inteligência fundamental da civilização chinesa; não pode ser sensivelmente modificado, nem pelas divagações abstratas e metafísicas de Taosse e dos budistas, nem tão pouco pela introdução dos diversos elementos da ciência abstrata, que vinham e vêm dos Hindus, dos Muçulmanos e dos Cristãos; e muito menos hoje pela Globalização Econômica. É que só a Doutrina Positivista, demonstra baseada na coordenação dogmática das diversas ciências abstratas, desde a matemática até a moral, que poderá com certeza determinar uma transformação gradual, ao mesmo tempo profunda, regular e pacífica, nesta fetichista grandiosa civilização chinesa.

Tratar a mudança somente pelo lado material, somente mercadológico, não dará resultado satisfatório; só ocorrerá mais conflito interno, pois o assunto tem que ser tratado, principalmente pelo enfoque científico da Operação de Abstração e mantendo o lado Moral propagado por Confúcio; pois foi da filosofia de Confúcio, que ocorreu a Unidade do povo Chinês.

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