Saturday, August 30, 2025

To the Committee of five persons to be elected by the Norwegian Parliament (Storting); for the Nobel Peace Prize and The Royal Swedish Academy of Economic Science


To

The Committee of Five to be Elected by the Norwegian Parliament (Storting) for the Nobel Peace Prize and The Royal Swedish Academy of Economic Science - https://www.kva.se/en/

– Sveriges Riksbank (Sweden's central bank)

 Subject: To Build a New Economic Global Order.

 Dear Ladies and Gentlemen, organizers of the Norwegian Parliament (Storting) for the Nobel Peace Prize and The Royal Swedish Academy of Economic Sciences, please find this new idea in the blog post below for your analysis and reflection. If applied in the future, it could be a tool that will help reduce human selfishness, with regard to better income distribution in financial activities, controlled capitalism – Nordic Capitalism – through a non-privatized Central Bank, strengthening PEACE between the Proletariat and the Employers.

https://palacazgrandesartigos.blogspot.com/2024/08/comentarios-sobre-o-artigo-como.html

Continue completing the analysis of the FAQ – Frequently Asked Questions https://www.nobelprize.org/frequently-asked-questions/?

Without more for the moment, I wish you,

Health, with respect and fraternity

Paulo Augusto Lacaz - https://palacazgrandesartigos.blogspot.com/2023/06/resume.html

 President

SCCBESME HUMANIDADE - https://societocratic-political-regime.blogspot.com/2013/09/new-ideas.html


Friday, August 29, 2025

FREEDOM and EQUALITY

 FREEDOM WITH MORAL AND SOCIAL RESPONSIBILITY. EQUALITY ONLY OF OPPORTUNITIES. EVERYONE MUST HAVE THE SAME OPPORTUNITIES, WITHIN POLICED CAPITALISM; WHERE ONLY BY THE MERIT OF EACH ONE (Capacity, Capability and Altruism) WILL DIFFERENCES OCCUR; INDEPENDENT OF RACES (Black, White and Yellow) and ETHNICITIES.

Tuesday, August 26, 2025

Why is there a Nobel Prize?

 



Why is there a Nobel Prize? It’s all because of Alfred Nobel.
The Nobel Prize was set up when businessman and entrepreneur Alfred Nobel died and left most of his fortune to the establishment of prizes in physics, chemistry, physiology or medicine, literature and peace. His will stated that the prizes should be awarded to “those who, during the preceding year, shall have conferred the greatest benefit to humankind.”
Find out more about the establishment of the Nobel Prizes: https://bit.ly/2o3eoxy

Please, let us explain what Trump’s latest Executive Order really means (Por favor, deixe-nos explicar o que a última Ordem Executiva de Trump realmente significa)

 


de:VoteVets.org info@e.votevets.org
responder a:info@votevets.org
para:Paulo Augusto Lacaz <sccbesme.humanidade@gmail.com>
data:25 de ago. de 2025, 19:53
assunto:Please, let us explain what Trump’s latest Executive Order really means
enviado por:bounces.e.votevets.org
assinado por:e.votevets.org
Segurança: Criptografia padrão (TLS) Saiba mais
:Mensagem importante de acordo com o algoritmo do Google.

VoteVets

Paulo Augusto Lacaz, vamos direto ao assunto.

Há meses, nos preparamos para que Trump invocasse a Lei da Insurreição para poder mobilizar as Forças Armadas contra o povo americano. Mas hoje, uma Ordem Executiva assinada por Trump nos colocou em um território completamente diferente.

Ele pretende usar o Título 32 como uma porta dos fundos para enviar unidades da Guarda Nacional de estados republicanos favoráveis ​​ao MAGA como sua força policial pessoal em estados democratas. Isso significa que ele pode enviar a Guarda Nacional do Texas para a Califórnia, por exemplo, ou a Guarda Nacional da Flórida para Nova York.

É isso que ele está fazendo em Washington, D.C. neste momento. É o que ele pretende fazer nas próximas semanas e meses. Hoje, é "combater o crime" ou "reprimir" os imigrantes. Amanhã, poderá ser usado para combater a falsa "fraude eleitoral" nos estados democratas.

Tudo isso é público. Está em uma Ordem Executiva assinada. Ele não está escondendo nada.

A única coisa que o impede é o Congresso — se eles estiverem dispostos a agir como cowboys, exercer seu poder legislativo e impedir os ataques de Trump à nossa democracia. Com maioria republicana em ambas as casas, não estamos esperando.

Isso significa que precisamos estar preparados para qualquer resultado no próximo ano. Vamos lutar por cada voto, como sempre fazemos, mas não é exagero dizer que nosso trabalho é mais importante do que nunca agora.

Se os republicanos não impedirem esse perigoso abuso de poder, teremos que responsabilizá-los nas urnas no ano que vem. E esse trabalho não sairá barato.

Por isso, pedimos que você contribua para o Fundo Patriota VoteVets AGORA MESMO e garanta que tenhamos os recursos necessários para levar a luta contra Trump e o Partido Republicano, de costa a costa. Por favor, doe se puder. A soma aumenta rápido.

Se você armazenou suas informações no ActBlue, processaremos sua contribuição instantaneamente:

Obrigado,

A equipe da VoteVets


PAGO POR VOTEVETS, VOTEVETS.ORG , NÃO AUTORIZADO POR QUALQUER CANDIDATO OU COMITÊ DE CANDIDATOS

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Este e-mail foi enviado para sccbesme.humanidade@gmail.com . O e-mail é uma forma muito importante de nos comunicarmos com apoiadores como você, mas, se desejar, você pode cancelar a assinatura aqui 

Monday, August 25, 2025

DÉCIMA SEGUNDA LEI DA FILOSOFIA PRIMEIRA - Lei da Mutabilidade ou Lei da Equivalência ou ainda Lei da Ação e Reação. Aplicada em Biologia No ciclo de Krebs, Sir Hans Adolf (1900-1981), bioquímico britânico de origem alemã. Em 1953, dividiu com Fritz Lipmann o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia.

 2.4.12 - DÉCIMA SEGUNDA LEI DA FILOSOFIA PRIMEIRA - Lei da Mutabilidade ou Lei da Equivalência ou ainda Lei da Ação e Reação. 

Existe sempre equivalência entre a reação e a ação, se a intensidade de ambas for medida de acordo com a natureza de cada conflito”. 

 Introdução

 Podem os corpos serem  encarados sob dois aspetos: como seres isolados uns dos outros, ou como agindo real, ou virtualmente, uns sobre outros, No primeiro caso, supõe-se nenhuma dependência existir entre eles; no segundo, consideram-se-Ihes as relações recíprocas,                   

A terceira lei basilar da mecânica geral, formulada por Huyghens e Newton, com a generalização proposta por A. Comte. Mas a lei de Newton emprega a palavra igualdade, em vez de equivalência, e assim se enuncia: Fui sempre igualdade entre a reação e a ação. Veremos em seguida a razão do uso desses dois vocábulos.

Por afirmar que a reciprocidade das forças é caracterizada pela sua equivalência, a lei da mutualidade chama-se também lei da equivalência,

 

Foi dada a primeira denominação por Teixeira Mendes e a segunda por Pierre Laffitte.

 

Para nos convencermos da lei da equivalência, basta examinarmos, de relance, os conflitos da matéria morta e viva, dos corpos brutos e organizados, dos seres físicos, vitais, saciais e Moraes ou psíquicos,

 

Física - Entre os fenômenos físicos, o choque e o atrito demonstram imediatamente o princípio.

 Foi na apreciação da teoria do choque dos corpos elásticos e não elásticos, que os dois grandes geômetras descobriram por indução, essa grande lei mecânica. Com efeito, fazendo chocarem-se esferas iguais que rolam sobre um plano, diminuindo quanto possível, a resistência ao rolamento, notaram que a esfera chocante perde parte da velocidade, parte essa sensivelmente igual ao aumento de velocidade da esfera chocada. Quando a esfera chocada está em repouso, a velocidade que recebe corresponde à perdida pela esfera chocante.

 

Daí, concluírem que a esfera chocada, quer em movimento, quer em repouso, reage contra a esfera chocante, reação medida pela perda de movimento. Em resumo, o que uma perde em velocidade, ganha a outra também em velocidade; há, portanto, igualdade, razão por que, no enunciado mecânico, se deve dizer que há sempre igualdade entre a ação e a reação.

 

Os preconceitos antigos, e até os do moderno academismo, a despeito dos trabalhos de Newton, Leibniz, Diderot e Augusto Comte, afirmavam que a matéria era essencialmente passiva, ou inerte, e que a reação, a que se refere a lei mecânica, se deve à própria inércia da matéria, confundindo essa inércia com a lei da persistência.

 

Aristóteles, nos seus imperecíveis escritos, sustentava a atividade espontânea da matéria, embora a considerasse em estado de simples potência. De fato, a única atividade efetiva que se apresentava à observação, naquela época, era o peso dos corpos, que ele atribuía à “apetência” dos corpos graves para o centro do Mundo, sem todavia poder verificar que nessa atração há reciprocidade, isto é, que os corpos na Terra atraem o próprio Mundo. Podemos ver porém, que a radioatividade, descoberta pelos trabalhos sucessivos de Becquerel, do casal Curie e de outros físicos, revela a atividade da matéria, não só estática como dinâmica.

 

Um corpo atritado reage pelo desenvolvimento do calor, pela atração dos corpos leves, conforme a natureza do corpo atritante e do corpo atritado. Quando um ácido atua sobre uma base, formando um sal, há alteração de temperatura e desenvolvimento de eletricidade. Essas experiências e muitas outras revelam a atividade da matéria, em estado estático. Mas o peso e a radioatividade nos mostram a atividade continua da matéria.

 

Os grandes cientistas, desde o fim do século XVIII, forçaram-se por medir as várias espécies de reação da matéria, porque não há só uma reação, há diversas. Foi assim que Lavoisier e Laplace, associados, procuraram a medida do equivalente mecânico do calor.

 

A má interpretação da perfeita equivalência entre ação e reação, de acordo com a lei de Newton e a própria lei de Kepler, fez o academismo criar uma concepção puramente metafísica: o famoso principio da energética.

 Química - A reação química, de um ácido sobre um metal, produz reações diferentes, entre as quais, urna, a eletricidade, por exemplo, que transmitida a um dínamo, produzirá movimento de rotação; esse movimento de rotação, transmitido, segundo  as leis da cinemática, transformar-se-á em movimento alternativo; esse movimento alternativo aplicado sobre determinado corpo, provocará várias reações, entre as quais o calor; esse calor, devidamente aproveitado e aplicado reproduzirá a corrente elétrica primitiva. Daí, concluir o academismo que existe uma entidade metafísica, denominada energética, com a qual procura explicar a conservação da energia.

 Conhecidas a lei de Newton e a de Kepler, e as suas generalizações, esses fenômenos se tornam de fácil compreensão e permitem reconhecer a fantasia metafísica da energética. A lei de Kepler assinala a persistência da ação, direta ou indireta, isto é, a ação propriamente dita, ou reação. A lei de Newton mostra, não a igualdade, mas a equivalência entre a ação e as diferentes reações. Dada a atividade da matéria, é fácil, então, compreender como uma das reações, aplicada sobre outro corpo, ou sistema de corpos, vai provocar outras reações, permitindo o aproveitamento de uma delas, para outras aplicações.

 Sadi-Carnot, pai do malogrado Presidente da República francesa, no começo do século retrasado, utilizou maravilhosamente esse fenômeno, criando um corpo de doutrina, denominado termodinâmica, base da concepção teórica da máquina a vapor. Do mesmo modo, aproveitando a corrente elétrica proveniente de reações provocadas na matéria, os eletricistas criaram doutrina semelhante, denominada eletrodinâmica para a aplicação mecânica da eletricidade. Eis aí dois corpos de doutrina, intermediários entrem a física e a mecânica;ciências e a mecânica prática, e arte. Tudo isso revela a atividade espontânea da matéria, vislumbrada pelo gênio de Aristóteles e sistematicamente negada pelos cientistas antigos e modernos, até Newton e Leibniz.

 

Utilizando a linguagem peripatética do pasmoso pensador grego, a matéria possui dois gêneros de atividade: um em estado potencial, outro, em ação. O calor, a eletricidade, a sonoridade, a luminosidade, etc., estão em potência; o peso, as propriedades radiantes, e outras, estão em constante atividade dinâmica.

 

Antes de encerrarmos este assunto especial, é preciso esclarecer um ponto, devido ao gênio filosófico de Descartes, que ficaria desmerecido com estas considerações. O criador da geometria geral e fundador da filosofia matemática estabeleceu a inércia da matéria como lei básica, ao mesmo tempo que Glisson ( ) descobridor da contratilidade da fibra muscular, proclamou a atividade espontânea da matéria. E’ que Descartes, de acordo com o hábito dos geômetras de seu tempo, confundia a inércia da matéria com a sua persistência estática, ou dinâmica. Essa confusão só foi esclarecida depois que Kepler descobriu a lei fundamental do movimento: Qualquer movimento é naturalmente retilíneo e uniforme, isto e, qualquer corpo persiste espontaneamente em repouso, ou em movimento. Essa lei foi impropriamente chamada de lei da Inércia. Mas, ainda assim, os geômetras continuaram a chamar de inércia a lei da persistência.

 A atração que o sol exerce sobre os planetas já era conhecida pelos astrônomos do século XVII, mas a reciprocidade de ação, e a lei que a rege, foi descoberta pelo gênio do geômetra britânico. Dessa lei decorre toda a mecânica celeste, cuja elaboração se deve ao famoso geômetra, mas completada pelos trabalhos de Euler, D´ Alembert, Lagrange, Clairaut, Laplace, e outros. Os trabalhos de Galileu e Newton introduziram, na mecânica, a noção de massa. Anteriormente, a mecânica estava limitada a simples movimentos geométricos para usar a linguagem de Lázaro Carnot, ou à cinemática, na linguagem moderna. Mas o que os engenheiros hoje chamam cinemática é a própria mecânica geral, simplificada pela supressão da idéia de massa, e aplicada às máquinas.

 

A generalização da lei de Newton, na física, e conseqüentemente na astronomia, em se tratando de mecânica celeste, obriga a uma digressão, no domínio da mecânica geral.

 

Há três noções importantíssimas que a anarquia intelectual dificilmente permite distinguir são as noções de substância, matéria e massa. Para bem perceber a distinção, é necessário ter em vista que, em nossos trabalhos intelectuais, fazemos abstração em diversos graus. Assim, determinadas idéias são mais abstratas do que outras, também abstratas; outras há, ainda mais abstratas do que as formadas em segundo grau de abstração, e assim por diante.

 

Quando consideramos a água, o ferro, o ar, o mármore, o chumbo, o granito, isto é, o que deparamos no meio natural, formamos um primeiro grau de abstração, designando indistintamente tudo pela palavra substância.

 

Mas, essa substância, além dos atributos específicos, tem propriedades gerais, comuns, posto que em graus diferentes --- as propriedades exclusivamente físicas. Encaradas, apenas, sob esse aspecto recebem, por generalização, o nome de matéria.  E’ o segundo grau de abstração, tão necessário ao estudo da física, quanto o primeiro — o de substancia — é para a química.

 

Fazendo inteira abstração das propriedades específicas da substância e reais da matéria, admitindo a substância e a matéria inteiramente inertes, chega-se ao terceiro grau de abstração, à concepção que, em mecânica geral, se denomina massa. Essa noção de massa aparece naturalmente na mecânica, quando se reconhece que tudo quanto existe, exige força para mover-se, seja pedra, água, ou ar, seja animal, vegetal, etc.

 Por esse motivo, os geômetras definiram massa de varias maneiras: é tudo aquilo que exige força para mover-se; é a matéria inerte; é o espaço efetivo que o corpo ocupa. Dessa exposição se deduz que substância, matéria e massa não existem objetivamente, mas apenas subjetivamente; são tipos abstratos em graus diversos. A ciência moderna, inteiramente emancipada dos preconceitos acadêmicos, admite a matéria essencialmente ativa, e a massa completamente inativa ou inerte.

 

A mecânica, bem como outras partes das ciências, foi tratada positivamente pela espontaneidade popular, embora sem precisão, que só se obtém graças à concepção abstrata e sistemática. As noções mecânicas de velocidade e quantidade de movimento constituem exemplo bem claro. Todo o mundo tem a idéia de velocidade, intimamente ligada às de espaço e tempo. Diz-se que um ponto material, ou um corpo de qualquer dimensão, se move com maior velocidade do que outro, quando percorre maior espaço no mesmo tempo. Quando alguém pretende introduzir um prego na madeira, por meio da percussão com o martelo, e não consegue, experimenta, naturalmente, imprimir maior velocidade ao martelo. Se, com casa alteração, não consegue o desejado, faz nova modificação, aumentando a massa do corpo chocante, isto é, usando martelo maior. Surge, desse modo, a noção espontânea de quantidade de movimento, de choque, e de força de ação. Percebemos que esse choque, ou essa força (F), age proporcionalmente à velocidade (v) e à massa (m) . Dela decorre, por considerações  abstratas, a definição precisa de quantidade de movimento, sintetizada na fórmula: F = mv.

 

A distinção entre velocidade e quantidade de movimento, mostra que, nos agentes físicos, devemos distinguir a intensidade do agente, e a quantidade de ação. Neste caso a intensidade do agente é a velocidade, e a quantidade de ação e representada pela quantidade do movimento, isto é, pela quantidade de massa em movimento.

 Na barologia, isto é, no estudo do peso, a intensidade da gravidade seria sempre a mesma, se a terra não tivesse movimento de rotação, mas a forma esférica do nosso planeta, aumentando o raio de rotação, dos pólos ao equador aumenta a intensidade da força centrífuga, que age em sentido contrário, diminuindo o peso dos corpos. Assim, para termos o valor próprio do peso (p) de cada corpo, é necessário multiplicar sua massa (m) pela intensidade da gravidade (Aceleração da Gravidade) (g): p = mg. Devemos, portanto, distinguir a intensidade da gravidade e a massa.

 No domínio da termologia, precisamos igualmente distinguir a intensidade do calor, que se denomina temperatura, da quantidade de calor, que é o produto da massa do corpo aquecido pela temperatura. Certa porção de fluído, em determinada temperatura, pode não produzir o mesmo trabalho que maior quantidade dessa massa fluída, em temperatura mais baixa. Isso se verifica, facilmente, nas caldeiras. Em acústica, distinguimos bem a intensidade do som da quantidade do som, que se denomina altura. No campo da ótica, distinguimos igualmente a intensidade da luz da quantidade de luz. Duas esferas luminosas, uma pequena, com intensidade luminosa muito grande, e outra com luminosidade menos intensa, mas de maior superfície, produzem efeitos diferentes.

 Em eletricidade, a técnica distingue intensidade elétrica de quantidade de eletricidade. Uma pilha elétrica produz corrente elétrica de certa intensidade; uma bateria de pilhas, da mesma espécie, produz maior quantidade de eletricidade, mas da mesma intensidade. Essa intensidade depende da energia própria do fenômeno gerador, que será químico no caso da ação de um ácido sobre um metal. A mesma consideração pode ser feita relativamente à ação atrativa da massa da terra sobre os diversos corpos que caem. Quando observamos a queda de um grande bloco de pedra, ao mesmo tempo em que a de um pequeno fragmento destacado do bloco de papel, deve reconhecer que a ação da gravidade, isto é, a sua intensidade, é a mesma; no vazio, todos os corpos caem com a mesma velocidade, como verificou Galileu. A grande diferença, que se nota no fenômeno, manifestada claramente pelo choque, resulta da quantidade de movimento, isto é, a mesma velocidade multiplicada por massas diferentes.

 

O que Galileu verificou na queda dos corpos sobre a terra, Newton descobriu na gravitação universal: a ação do sol, sobre planetas de massa diferente, mas a igual distancia dele, é a mesma, isto é, todos seriam atraídos para o sol com a mesma velocidade.

 

Passando-se da física para a química, sentimos logo a importância da noção de ação e reação, e, meditando mais profundamente, percebemos que a reação não é propriamente igual, mas equivalente à ação. Quando um ácido ataca um metal ou uma base, a base e o metal reagem. A reação consiste na combinação do agente com o reagente, formando nova substância. O ácido clorídrico, atuando sobre o nitrato de prata, provoca reação, da qual resultam novos compostos: a prata com o cloro forma o cloreto de prata, e o hidrogênio, do ácido clorídrico, com o nitrogênio e o oxigênio, formam o ácido nítrico. Há, portanto, equivalência entre a ação e a reação, como será fácil verificar.

 

Quando um ácido, formado de duas substâncias, como o ácido clorídrico, ataca um metal, como a prata, a reação só termina quando todo o cloro atacou a prata, se houver prata em excesso, ou toda a prata reagiu sobre a parte correspondente de cloro, ficando intato  o excesso de ácido clorídrico.

 

As reações químicas são acompanhadas de fenômenos físicos, também equivalentes. Há desprendimento de quantidade de calor equivalente, ou, pelo contrário, absorção de calor, ocasionando baixa equivalente de temperatura. Esse fenômeno inspirou interessantíssima obra de Berthelot, a Mecânica Química, na qual procura determinar a quantidade de calor, absorvida, ou desprendida em cada reação química. O mesmo acontece com a eletricidade. Cada reação química ocasiona a produção de certa quantidade de eletricidade, cuja intensidade depende da natureza dos elementos em conflito. Baseado nesse fenômeno, foi que se construiu a pilha elétrica.

 

Tanto o calor como a eletricidade, devidamente aplicados, produzem fenômenos mecânicos, isto é, podemos construir máquinas motrizes, utilizando o calor, ou a eletricidade. Uma substância fluida contida em vaso fechado e aquecida, dilata-se e comprime as paredes do vaso. Se um dispositivo mecânico permitir que certa porção da parede do vaso se desloque e volte à posição primitiva, haverá movimento de vai e vem, que se pode transformar, segundo os ditames da Cinemática. E’ o caso do movimento alternativo do êmbolo transformar-se em movimento circular contínuo. A corrente elétrica atuando sobre um sistema de peças de aço, determina movimentos retilíneos de atração, que constitui a mais antiga máquina elétrica. Em sentido contrário, um movimento mecânico provocando a rotação de um sistema de ímãs, ou peças imantadas, produz corrente elétrica, a qual, como acabamos de mostrar, pode reproduzir movimento mecânico. Em todos esses fenômenos, observa-se a perfeita equivalência entre a ação e a reação, conforme a lei de Newton.

 

Não menos explícitos os resultados provenientes dos conflitos vitais.

 

Basta considerar a troca de operações entre o mundo vivo e o mundo inorgânico. De um lado, a ação do Sol, do ar, da água, do solo sobre as plantas e os amimais, e do outro, a reação das plantas e dos amimais sobre o meio sólido, líquido e gozoso, quer terrestre, quer celeste.

 Biologia - A generalização da lei de Newton adquire máxima importância, em biologia. Quando qualquer ação, física ou química, é exercida sobre um organismo vivo, vegetal ou animal, que provoca reações mais numerosas do que sobre um corpo inanimado, e, quanto mais numerosas, tanto mais complexa é a vida do ser. Essa atuação pode ocasionar duas espécies de alterações: a da composição dos tecidos vivos do organismo, ou apenas a do funcionamento dos órgãos. Em outras palavras, podemos dizer que a reação pode ser anatômica, ou fisiológica. Em ambos os casos, o conjunto do ser reage, restabelecendo, ou tentando apenas restabelecer a integridade do ser, ou das suas funções.

 Quando se encerra uma planta, em meio escuro, o seu desenvolvimento acusa, em breve, a falta da excitação luminosa nos fenômenos químicos da renovação orgânica: a função do metabolismo da clorofila  diminui e a planta se atrofia: sua coloração própria, de verde passa a amarela esbranquiçada. Os botânicos fizeram várias experiências sobre o efeito da modificação de outros fenômenos físicos, como o calor, a eletricidade, o peso, pelo desenvolvimento da força centrífuga, etc. A própria natureza revela as modificações que o organismo vegetal apresenta, sob a influência dos agentes naturais do globo, conforme as latitudes. Tais influências dão lugar a profundas diferenças na vegetação, e o seu estudo constitui o conjunto de conhecimentos denominado geografia botânica.

 As reações dos vegetais aos agentes externos manifestam-se pelo mesmo fenômeno, segundo o qual se observa o desenvolvimento natural dos vegetais: a fermentação. 

Entende-se por fermentação dois fenômenos diferentes: um puramente químico, outro fisiológico. Ao primeiro Béchamp denominou fermentação não figurada; ao segundo, figurada. 

A fermentação não figurada consiste na atuação de uma substância simples, ou composta, sobre outra, sempre composta, modificando a composição imediata, por alteração de um ou mais radicais. Exemplo bem característico dessa alteração é a modificação que a enzimática produz, transformando o amido em glicose; a da água sobre o açúcar, desdobrando-o em glicose propriamente dita, ou dextrose, e levulose. Antes da inversão, o açúcar é cristalizável, depois de invertido, perde essa propriedade; antes de inverter-se, a solução de açúcar é dextrógera e não reduz o licor cupro-potássico, depois de invertida, tornando-se levógera, reduz esse licor. Quando a enzima atua sobre a gordura, saponificando-a , denomina-se lípase.

 A fermentação figurada é a alteração química que pequenos seres vivos, os microorganismos, que  operam no meio líquido especial em que se acham imersos. O tipo dessa fermentação é o efeito da levedura de cerveja sobre uma solução açucarada. Absorve a glicose e excreta álcool, gás carbônico e outras substâncias. Astier ( ) e Turpin ( )  supuseram que a levedura absorvia, apenas, parte do oxigênio do açúcar, desarticulando, a molécula, que se desdobraria em álcool, gás carbônico e outras substâncias. Mas Béchamp demonstrou que tais substâncias são produzidas dentro do organismo da levedura ou micro organismos. E mais tarde no ciclo de Krebs, Sir Hans Adolf (1900-1981), bioquímico britânico de origem alemã. Em 1953, dividiu com Fritz Lipmann o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia. Pesquisou a química dos processos corporais e desenvolveu o chamado ciclo de Krebs ou ciclo do ácido cítrico e demonstrou todo o metabolismo dentro da levedura.

 As reações dos vegetais operam-se, apenas, por efeito de fermentações porque lhes falta o aparelho nervoso. Nos animais, as reações são muito mais numerosas e variadas, porque, além das fermentações, atua o sistema nervoso.

 Considerando somente as reações dos tecidos, notamos que elas se processam in loco, ao passo que as do aparelho nervoso se dão em pontos diferentes, em tecidos diversos, afetando vários órgãos. Para compreender essa reação, é mister ter em vista os dois sistemas nervosos: o central e o grande simpático. O sistema central tem como sedes o cérebro e a medula espinhal; o grande simpático é formado por um conjunto de gânglios, ligados entre si por pequenos nervos que se entrelaçam com os do sistema nervoso central, espalhando-se por todos os órgãos da vida vegetativa.

 

Essa distribuição explica a conexidade de todos os órgãos e aparelhos da vida orgânica e animal, e por ela se compreende a unidade do ser animal, apesar das suas numerosas e variadas complicações. A reação que se nota no ser vivo, mormente animal, não é apenas a reação peculiar à matéria, é também a reação dos variados elementos ligados entre si. Essas ligações explicam o grande aforismo de Hipócrates —   no organismo, tudo concorre, tudo conspira, tudo consente —      donde a unidade geral.

 

Sociologia – Pode dizer-se que a vida, consistindo essencialmente no duplo movimento de absorção e de exalação entre o organismo e o meio, não é mais que a ação recíproca de um sobre outro, que esta ação, devidamente estudada, comprova sempre a equivalência dos atos em conflito.

 Não menos verdadeira é a equivalência entre as ações e reações saciais. A história da Humanidade sobejamente o prova. Em todos os lugares e em todas as épocas observa-se perenemente que há uma relação de igualdade, ou melhor de equivalência, entre as tiranias e as revoluções. Para não citar numerosos outros casos, basta recordar a reação sangrenta da burguesia francesa contra os algozes da aristocracia e da realeza, e a reação desabalada do proletariado russo contra o despotismo do regime czarista. São exemplos típicos da lei da mutualidade nos conflitos saciais essas duas revoluções: a Revolução Francesa e a Revolução Russa. Não tivesse havido a ação tirânica dos opressores, não teria havido a reação desordenada dos oprimidos.

 

          Com os organismos vivos, que constituem seres sociáveis, formam-se seres coletivos, cuja existência os antigos romanos já haviam percebido: as legiões, as coortes, etc. Hoje, reconhecemos a existência social de diversas outras coletividades, além da Família: a Tribo, a Pátria, a Raça, a Sociedade, e finalmente a Humanidade. Cada um desses seres tem existência caracterizada por atributos próprios, por transformações, por evolução, oferecendo reações perfeitamente equivalentes às ações que sobre ele se exercem, reações conscientes e inconscientes. Graças a essa vitalidade coletiva e a tais reações, é que o governo, não só espiritual, mas ainda temporal, atua.

 Apens uma coletividade não é governada, porque soberanamente, domina todas as outras conforme as leis naturais a Humanidade.

 Moral –  a vida moral ou psíquica, ainda a mesma lei. Quando a alma ou psique ofendida revida a ofensa, ora invocando o poder social para punir o ofensor, ora tomando por si mesmo a desforra, observa a regra invariável da reciprocidade: exerce reação equivalente à ação.

 

A cada passo, em todas as manifestações da vida social ou psíquica, como em todas as fases da existência cósmica, sempre se nos depara a realização do grande princípio. A só diferença a notar é que a equivalência matemática precisa, das ações e reações, nem sempre se pode determinar, dada a natureza muito complexa das forças em causa.

 

Encontramos bem patente a lei da reação. Os embates do homem, na vida social, mostram a todo o momento reações morais, provocadas por influências externas, também morais e até materiais.

 

Graças à reação e à equivalência entre ela e a ação, nos organismos individuais, ou coletivos, se constituíram as artes mais eminentes: a medicina, a política e a educação. Nessas artes, é preciso levar ainda em conta a lei da persistência, sob a denominação de hábito. Notamos, em medicina, o hábito, sob nomes diferentes: o hábito da sensação, arrastando o organismo para o bem ou para o mal, para a saúde ou para a doença. O hábito em Sociologia, o espírito conservador, pode também produzir a desordem, a anarquia. No domínio da moral, o hábito na prática do bem, produz a virtude, e do mal, cria o vicio.

 Essa mesma consideração indica o meio de corrigir os maus hábitos, quebrando a continuidade do fenômeno. Assim agem os médicos, corrigindo as diáteses, os estadistas, fazendo desaparecer os maus costumes e os. educadores, eliminando os vícios. Deste modo, as três grandes artes empregam processos opostos para criar e desenvolver hábitos que convêm à existência individual e coletiva e, para interromper a continuidade dos nocivos.

 

Essas sumárias considerações mostram a grande importância da lei de Newton, observada, primeiramente, nos fenômenos mecânicos e astronômicos, com a precisão que lhes é peculiar, e generalizada aos fenômenos cada vez mais complicados das outras ciências, até a moral.

 

Assim, num conflito social ou moral é difícil, senão impossível, avaliar numericamente a intensidade das ações e reações, ao passo que num conflito mecânico calcula-se com a máxima precisão a grandeza dos atos recíprocos. Mas a falta de precisão não tira o caráter de certeza à lei da reciprocidade. Em todos os casos, desde os mais simples até os mais complicados, há sempre um coeficiente, real ou virtual, que mede com mais ou menos precisão, a intensidade dos conflitos.

 

Assim como o esforço empregado para elevar certo peso a certa altura, corresponde a determinada quantidade de calor, e constitui o equivalente mecânico do calor; certo esforço do organismo vegetal, animal, social ou individual, reagindo a certa ação de qualquer fenômeno, constitui o equivalente orgânico desse fenômeno.

 

Na sua forma mais acabada e precisa, a lei da mutualidade reduz-se a determinar os coeficientes das ações recíprocas; achar os equivalentes que definem numericamente a intensidade dos conflitos.

 

Mas preciso ou não, é sempre certa a relação de equivalência entre as ações e reações, qualquer que seja a natureza dos conflitos. Elas sempre verdadeiras a lei da mutualidade, ou 12º  princípio de Filosofia Primeira. Elas são construídas pelo cérebro, como todas as outras, possuindo o cunho da subjetividade, as leis da persistência, da coexistência e da mutualidade, são entretanto, essencialmente objetivas, porquanto não regulam atributos Internos, operações do entendimento, mas fatos externos, fenômenos do mundo. São as mais objetivas da Filosofia Primeira. Esse caráter de objetividade ressalta Imediatamente do seu enunciado, por onde se vê que elas regem o equilíbrio, a compatibilidade e a ação recíproca dos seres exteriores, através das propriedades que os definem. Por Isso mesmo, na sua fôrma primitiva, quando eram apenas teoremas fundamentais da mecânica racional, do estudo sistemático do movimento, receberam a denominação que lhes deu Augusto Comte, de leis físicas, isto é, leis concernentes à naturezas cósmicas, relativas ao mundo.

 

A harmonia dessas leis é, talvez, a mais completa que reine entre os termos de cada uma das cinco séries ternárias em que se subdivide a Filosofia Primeira; pois todas se prendem a fenômenos inteiramente ligados, ao concurso de forças que persistem, coexistem e se comunicam, sejam cósmicas, ou vitais, sociais ou psíquicas.

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Com maiores detalhes podemos a seguir analisar esta lei tão importante.

 

1 – A LEI DA AÇÃO E DA REAÇÃO

 

  • A lei Mecânica de Newton. A lei da ação e da reação foi para os fenômenos mecânicos, induzidos por Isaac Newton (1643 – 1729), baseada nos trabalhos de Christiaan Huyghens (1629 - 1695), e sistematizada por Augusto Comte (1798 – 1854).

 

Assim como as outras duas leis deste grupo, já estudadas, a da ação e da reação foi originalmente apreciada dentro do domínio exclusivo da Mecânica. Essas três leis, que constituem a base indutiva da mecânica geral, foram por Augusto Comte primeiro sistematizadas nesse próprio domínio matemático, depois aplicadas ao estudo da Sociologia e enfim generalizadas completamente de modo a formarem leis universais da Filosofia Primeira.

 

A primeira lei ocupa-se dos estados estáticos e domínios de cada ser, independentemente de outras existências; a segunda dá-nos a conhecer as influencias recíprocas que exercem entre si os elementos ligados para cons­tituir um sistema.

 

A terceira lei, cujo estudo esta agora ocupando nossa atenção, refere-se a influencia que pode exercer uma existência sobre outra que lhe seja inde­pendente. O estudo inicialmente realizado sobre esse assunto, principal­mente por Huyghens, e que se refere à ação mecânica que um corpo em mo­vimento exerce sabre outro, deu lugar a lei que Newton, em 1687, assim enunciou: "a ação é sempre igual e oposta a reação, isto é, as ações de dois corpos, um sobre o outro, são sempre iguais e em direções  contrarias".

 

Augusto Comte em 1830, no primeiro volume da Filosofia Positiva, apreciando a base objetiva da mecânica geral, examina a lei de Newton para sistematizá-la, melhorar, tornar em geral aplicável a todo o domínio da mecânica. E' da Filosofia Positiva o seguinte sobre a lei da ação e da reação: "Consiste (a lei de Newton) no principio da igualdade constante necessária entre a ação e a reação, isto é, que todas as vezes que um corpo é movido por outro de um modo qualquer, exerce sabre esse outro, em sentido inverso, uma reação tal que o segundo perde, na razão das massas, uma quantidade de movimento exatamente igual a que o primeiro recebeu". Augusto Comte, Cours de Philosophie Positive, vol. I, pág. 460.

 

 

Na apreciação mecânica da lei da ação e da reação tomamos, pois, co­nhecimento das noções não somente de ação e de reação, mas também de massa e de quantidade de movimento.

 

Em qualquer domínio, não só entre os fenômenos de matemática, como também nos de física e de moral, a ação corresponde sempre uma reação equivalente e em sentido contrario, isto é, sempre que e exercida uma ação de qualquer natureza, essa ação provoca outra, em sentido contrario, que toma o nome de reação.

 

Manifesta-se a reação em mecânica, como a lei o indica, na razão das massas, e é medida pela quantidade de movimento. E' a massa a expressão material do corpo e a quantidade de movimento o produto dessa massa pela velocidade, isto é, pelo espaço percorrido na unidade de tempo.

 

  • A generalização da lei. A décima segunda lei de Filosofia Primeira foi induzida por Augusto Comte, generalizando a lei mecânica de Huyghens e Newton, e assim enunciada: "Existe par toda parte uma equivalência necessária entre a reação e a ação, se a intensidade de ambas for medida conforme a natureza de cada conflito".

 

A extensão da lei mecânica aos fenômenos sociais permitiu que Augusto Comte logo a seguir generalizá-la completamente de modo a constituir a ter­ceira lei do grupo mais objetivo da Filosofia Primeira.

 

Em 1842, no sexto volume da Filosofia Positiva, é feita a completa generalização da lei da ação e reação; e induzida assim, a décima segunda lei de Filosofia Primeira, depois sistematicamente formulada em 1854 no quarto volume da Política Positiva.

 

Diz Augusto Comte na Filosofia:

 

"Quanto a nossa terceira lei fundamental do movimento, aquela que devo atribuir a Newton e que consiste na equivalência constante entre a reação e a ação, sua universalidade necessária é ainda mais sensível que para as outras duas; é a única, com efeito, da qual tenha sido entrevista, embora de modo muito confuso e insuficiente, a extensão espontânea a toda a economia natural. Embora se conceba sempre a natureza e a medida das reações segundo o verdadeiro espírito dos fenômenos correspondentes, e fora de duvida que tal equivalência pode ser também realmente observada em relação aos efeitos físicos, químicos, biológicos e mesmo políticos, como nos simples efeitos mecânicos, ao menos no grau de precisão compatível com as condições do assunto". E logo adiante: "A intima solidariedade contínua que caracteriza os fenômenos vitais, e ainda melhor os fenômenos sociais, onde todos os aspectos mostram-­se espontaneamente conexos, e sobretudo muito próprio a familiarizar-nos com a universalidade efetiva desta terceira lei do movimento, assim extensiva doravante a toda a mudança qualquer. Cada uma das três grandes leis naturais sobre as quais reconhecemos, apesar das graves aberrações filosóficas dos geométricas atuais, que repousa necessariamente 0 conjunto da mecânica racional, não é, pois, no fundo senão a manifestação mecânica de uma lei geral, igualmente aplicável a todos os fen6menos possíveis". Auguste Comte, Cours de Philosophie Positive, Vol. VI, pag. 743/744.

 

 

  • A Ação e Reação. A apreciação da décima segunda lei exige preliminarmente que se faça a distinção, em cada caso, entre a ação e a reação.

 

A ação é como vimos proveniente do exterior e tende a modificar o estado estático ou dinâmico de uma existência.

 

A lei da ação e reação para ser verificada requer a presença de duas existências, que entram em conflito. A primeira realiza a ação inicial que por sua vez dá lugar a uma segunda ação, equivalente e em sentido contrario, a reação, produzida pela segunda existência.

 

Vejamos, por exemplo, no domínio mais simples da mecânica, a distin­ção entre a ação e a reação. Newton, exemplificando a lei, diz:

 

"Todo corpo que comprime ou puxa um outro corpo e puxado ou comprimido por esse outro. Se comprimirmos uma pedra com o dedo, o dedo é comprimido ao mesmo tempo pela pedra. Se um cavalo puxa uma pedra por' meio de uma corda, ele é igualmente puxado pela pedra: porque a corda que os liga e que é estirada dos dois lados, faz um esforço igual para puxar a pedra para o cavalo e o cavalo para a pedra; e este esforço se opõe tanto ao mo­vimento de um como excita o movimento do outro". Lido em: J. Eulálio, Mecânica Geral,  vol. I, pag. 43.

 

No primeiro desses exemplos o corpo que comprime ou puxa esta exercendo a ação e provoca como reação a compressão ou o movimento do outro corpo; no segundo exemplo o dedo exerce a ação, e a reação e exercida pela pedra sobre o dedo; no terceiro exemplo o cavalo exerce a ação, sendo a pedra o ele­mento ao qual cabe produzir a reação.

 

Assim como nos exemplos mecânicos, também na Física e na Moral podemos sempre distinguir a ação produzida e a conseqüente reação. Ao exemplificarmos a seguir em cada um dos graus enciclopédicos, para demonstração da lei, teremos oportunidade de verificar em cada caso a ação e a reação.

 

E', portanto, a lei da ação e da reação àquela que preside de um modo geral todo o exercício de nossa atividade. Modificar o mundo para adap­tá-Io as conveniências do homem e este para aperfeiçoá-lo cada vez mais, é o objetivo da Filosofia Terceira. A Indústria, a Política e a Educação regulam respectivamente as modificações do mundo, da sociedade e da na­tureza humana. Tais modificações são obtidas sempre por meio de ações sistemáticas a fim de darem lugar a reações previstas.

 

  •  A equivalência entre a ação e a reação. 0 enunciado de Newton para a lei mecânica estabeleceu a igualdade entre a ação e a reação.

 

Não existe, entretanto, tal igualdade, nem mesmo no domínio matemático, pois a ação e a reação apresentam-se sempre, como esclareceu Augusto Comte, proporcionais as massas. Há, portanto, equivalência e não igualdade e tal equivalência é relativa as massas dos corpos que entram em conflito.

 

Dois corpos podem apresentar-se, por exemplo, com o mesmo volume, porem com massas muito diferentes. Depende a massa da estrutura mole­cular do corpo e é, em um mesmo lugar, proporcional ao peso sem se confundir com este. Enquanto o peso é diverso conforme a situação em que se verifica, variando na superfície da Terra com a latitude e a altitude, a massa conserva-se sempre a mesma. Como o peso, obtém-se pela balança a medida da massa; para o peso fornece-nos a balança resultados variáveis conforme o lugar da Terra; a medida da massa é invariável, por isso que corresponde a uma relação entre dois pesos medidos no mesmo lugar.

 

Na mecânica as medidas da ação e da reação, iguais, correspondem as quantidades de movimento perdida e ganha. Essas quantidades de movimento são representadas pelo produto da massa de cada corpo pela respectiva velocidade, isto é, pelo espaço percorrido na unidade de tempo. Há igual­dade, portanto, entre a ação e a reação, se reduzirmos sua medida as quanti­dades de movimento.

 

  • A medida da ação e da reação. Na medida da intensidade da ação e da reação é preciso considerar-se que em grande número de casos não é possível à expressão numérica dessa medida por falta de precisão da unidade correspondente, principalmente nos fenômenos mais nobres e mais complicados.

 

Traduzida pela quantidade de movimento é a medida da ação mecânica, assim como a da reação, facilmente suscetível de representação numérica. Ao passo, porém que aos subirmos a escala dos fenômenos, vamos apreciando gradualmente um acréscimo de dificuldades para essa expressão numérica, que se torna de todo impossível nos domínios mais elevados, principalmente na Sociologia e na Moral.

           

A impossibilidade de a medida ter, em muitos casos, uma expressão tão simples e exata como a numérica, torna mais difícil a comparação entre os dois elementos resultantes do conflito, a ação e a reação. A medida precisa nos domínios mais simples e a apreciação sintética nos domínios mais complexos permitem, entretanto, verificar-se a equivalência entre esses dois elementos. Como no fenômeno mecânico já não apreciamos uma igualdade direta, por isso que sendo diversas as massas dos dois corpos que entram em conflito, também diferentes serão as velocidades antes e depois do choque, a fim de que se verifique a equivalência através da igualdade nas quantidades de movimento.

 

Se os resultados diretamente apreciados fossem iguais, se no fenômeno mecânico houvesse igualdade, por exemplo, das massas ou das velocidades, muito mais fácil seria a verificação da lei, não só no domínio da mecânica como em todos os outros mais complexos. A idéia de equivalência, substituindo a igualdade, vem atenuar essa dificuldade tornando a lei, alem disso aplicável a todos os casos em que há diferença de natureza entre ação e reação.

 

 

  • Natureza da ação e da reação. Nem sempre a ação provoca uma reação da mesma natureza; donde resulta a necessidade da apreciação dos equivalentes.

 

Quando a ação é representada por um movimento, como no caso da aplicação da lei a mecânica, e a reação produzida é também de movimento, são iguais, como vimos, nas quantidades de movimento produzidas na ação e na reação.

 

Pode, entretanto ao movimento que representa a ação corresponder uma reação de natureza diversa. Quando, por exemplo, por meio de uma ação mecânica ou física qualquer, sejam dos ventos, ou da água em movimento, ou da expansão do vapor pelo aquecimento; produzimos o movimento de um dínamo gerador de eletricidade, estamos provocando, por meio de uma ação de natureza mecânica, a reação manifestada pela corrente elétrica gerada. Quanto maior a ação produzida tanto maior será a intensidade da reação representada pela corrente elétrica. Há nesse caso sempre uma equivalência entre a ação mecânica ou física e a conseqüente reação elétrica. Da mesma forma com todos os fenômenos físicos em geral observamos diversi­dade de natureza entre a ação e a reação, havendo sempre, porem, entre as duas, uma equivalência.

 

A ação representada pelo aumento de intensidade do calor que atua sobre um corpo pode provocar como reação a dilatação do corpo, a sua mudança de estado físico ou ainda a realização de um fenômeno  químico,  o mesmo verifica-se com a luz ou a eletricidade, que podem, conforme a intensidade provocar, como reação, simples fenômenos físicos ou transformações de natureza química. Em qualquer caso observam-se sempre a cons­tância determinada pela lei que e a equivalência entre a ação e a reação.

 

Para a verificação da equivalência e preciso medir-se as intensidades da ação produzida e da reação provocada, devendo sempre, em cada caso, me­dir-se essas intensidades de acordo com a natureza do conflito examinado.

 

 

 

II – APLICAÇÕES DA DÉCIMA SEGUNDA LEI

 

 

  • A lei de Huyghens e Newton. Constitui o exemplo que melhor caracteriza a aplicação da décima segunda lei da Filosofia Primeira à Matemática, a própria lei mecânica de Huyghens e de Newton, que representa a origem histórica desta lei universal.

 

Como fizemos para as duas leis precedentes deste grupo vamos demonstrar a lei da ação e da reação por meio da analise da sua aplicação a uma serie de exemplos característicos em cada um dos graus enciclopédicos.

 

Na matemática já esta bem evidenciada a aplicação da lei de Huyghens e Newton uma vez que mostramos ter sido no domínio mecânico que pode ser em primeiro lugar apreciada e sistematizada a noção expressa pela lei, a da equivalência entre a ação e reação.

 

Inúmeros outros exemplos poderiam formular não só na mecânica, mas também no cálculo da geometria.

 

No domínio mais simples do cálculo aritmético podemos verificar a lei da ação e da reação quando, por  exemplo, utilizamos a escala numeral como base para as operações fundamentais. Assim quando somamos dois números, a ação é representada pelo deslocar na escala natural, a partir do primeiro, tantas unidades quantas as que contem o segundo dos números dados; a reação corresponde ao aumento de valor, que vai constituir a soma.

 

A simplicidade do domínio matemático tornara evidente a ação e a reação em qualquer que seja o exemplo figurado. Podemos, portanto, passar desde logo a astronomia.

 

  • A décima segunda lei na Astronomia. Em astronomia a lei, em sua forma especial  mecânica, foi diretamente aplicada por' Newton, que mostrou a gravitação como constituída por ações e reações mutuas e equivalentes.

 

Todo o sistema planetário mantém seus estados estático e dinâmico de­vido às ações e reações mutuas que exercem uns sobre os outros os corpos celestes.

 

A lei da gravitação universal, descoberta por Newton, estabelece a proporcionalidade com que os astros gravitam uns para os outros, isto é, as ações que exercem entre si e as reações conseqüentes. Tal proporcionalidade, referida as massas dos corpos celestes, aplica-se de um modo geral a todos os corpos, de forma que a gravidade, em Física, enquadra-se também na lei universal da ação e da reação.

 

Foi, por conseqüência, a aplicação astronômica dessa lei uma das pri­meiras conhecidas, antes mesmo de sua generalização, e que a entendeu ate o domínio da Física terrestre por meio da aplicação à  Barologia.

 

  • Nos fenômenos meteorológicos. Em todo o domínio da Física, se analisarmos os fenômenos correspondentes, vêem desde logo bem caracterizados a ação e a reação e ainda a equivalência entre ambas.

 

Dentre as ações exercidas pelos fenômenos físicos apreciaremos em primeiro lugar as que são devidas ao calor.

 

Começaremos pelo estudo dos efeitos naturais do calor sabre a atmosfera. A ação nesse caso e revelada pelo aquecimento desigual das camadas atmosféricas, dando lugar a reações que se manifestam pelos deslocamentos de massas de ar e pela formação das condensações de vapor de água.

 

E o calor proveniente do Sol, que aquecendo desigualmente a atmos­fera, provoca, devido a diferença de densidade da massa gasosa, deslocamentos de ar, formando-se assim as correntes, que dão lugar aos ventos. As irregularidades na superfície da Terra, o aquecimento desigual das camadas gasosas e a variação com a altitude e a latitude, a distribuição também desigual das massas liquidas, concorrem com uma serie de outros fa­tores para a grande irregularidade que apresentam os fenômenos meteoro­lógicos onde, entretanto, podemos sempre observar a equivalência entre a ação e a reação. E' a ação, como vimos representada pelo aquecimento da atmosfera e a reação pela conseqüente formação das chuvas, neve, cor­rentes de vento, etc.

 

  • As reações do calor. A ação do calor, para exame desta lei, não é verificável somente sabre a atmosfera. Podemos analisar as ações que exerce o calor sabre determinado corpo, provocando variações na sua estrutura física ou química.

 

A intensidade da ação provoca diversas reações e a intensidade da elevação da temperatura de um corpo e muito pequena podemos observar apenas a propagação do calor através da massa do corpo, sem que nenhuma alteração sensível seja observada. Aumentando gradualmente a quantidade de calor que age sabre o corpo, a reação verificada manifestar-se-á   primeiro lugar pela dilatação do corpo aquecido, que aumenta de volume, depois pela pas­sagem de estado físico, primeiro do sólido para o liquido, se o corpo es­tava naquele estado, depois do liquido para o gasoso.

 

A intensidade muito grande de calor sabre determinados corpos pode provocar uma reação de natureza diversa das que acabamos de examinar; a reação devendo ser equivalente a ação, pode manifestar-se pela alteração na composição química do corpo.

 

A propagação do calor, a dilatação, as passagens ou mudanças de  estado físico e a decomposição química correspondem, por conseguinte a reações diversas, que se manifestam como equivalentes de ações mais ou menos intensas do calor sabre um determinado corpo.

 

  • As ações mecânicas e as reações que provocam. As ações mecânicas constituem também exemplos característicos de aplicação no domínio da Física da lei da ação  e da reação, por isso, que podem provocar, como reação, a produção de calor, do som, ou da eletricidade.

 

São muito vastas as aplicações na indústria moderna, dos fenômenos físicos obtidos por meio de atividades mecânicas. O calor, a luz, e o som, a eletricidade, são  utilizados sob múltiplas e variadíssimas formas depois de produzidos em grande número de casos, como resultado de ação mecânica. Há sempre a verificação completa da lei da ação e da reação, onde o trabalho mecânico realizado constitui a primeira parte - a ação - e  fenômeno físico produzido a segunda - a reação.

 

E', por exemplo, sempre por meio de uma ação mecânica, quer prove­niente de movimento de maquina ou de queda d´água, turbina hidráulica, etc. que se produz a eletricidade. A ação mecânica põe em movimento o dínamo e este por sua vez produz a corrente elétrica. Essa corrente repre­senta a reação provocada pele movimento mecânico e é sempre equivalente a esse movimento ou, diremos melhor, a quantidade de movimento utilizada na produção da eletricidade. A corrente elétrica assim produzida vai por sua vez agir de inúmeros modos, provocando as reações que representam tantos outros fenômenos físicos ou mecânicos. A luz elétrica, por exemplo, e a reação correspondente à ação da corrente elétrica; é equivalente sempre a corrente utilizada.

 

  • As reações químicas. Na Química as ações são geralmente representadas pelos fenômenos físicos, principalmente a luz, o calor e a eletricidade, sendo as reações de composição ou de decomposição as que representam propriamente os fenômenos químicos.

 

Toda a reação química, de síntese ou de análise, isto é, de composição ou de decomposição, é provocada por urna alteração no meio devido à maior intensidade em determinado fenômeno físico. Esse aumento de intensidade, que provoca a reação química, e o que constitui a ação. São geralmente o calor, a luz ou a eletricidade, os principais elementos causadores das reações químicas.

 

O movimento de análise ou de síntese em química é, por esse motivo, chamado de reação, porque constitui a reação provocada pelo alimento de intensidade do fenômeno físico utilizado, ou ainda por outro qualquer modo de formação de um meio físico favorável.

 

O fenômeno físico representa, pois nesse caso a ação e o fenômeno químico a reação equivalente.

 

  • Ações químicas. Pode, entretanto, a própria ação, como a reação, ser puramente química, ou ainda dar-se o caso de uma ação direta de dois corpos em condições normais produzem a sua combinação e a reação ser representada, por exemplo, pela produção de calor.

 

Há corpos que se combinam diretamente, em condições normais, sem exigir qualquer aumento de intensidade dos fenômenos físicos, sendo necessária apenas à aproximação entre eles para que se verifique espontaneamente a reação. Nesse caso o fenômeno químico não constitui propriamente unia reação, mas sim uma ação. Pode em tais circunstâncias o fenômeno químico provocar o desenvolvimento de fenômeno físico, que representará então a reação. Corpos existem, por exemplo, que se combinam normalmente produzindo calor ou luz, ou ainda a baixa de temperatura pelo maior consumo de calor; qualquer dessas alterações físicas representará a reação e será mais ou menos intensa segundo a maior ou menor intensidade com que se produza a ação química.

 

De um modo geral em toda a reação química quer seja simples ou com posta, isto é, quer se verifique uma ou mais vezes o duplo movimento de ação e reação, observa-se em qualquer caso a lei universal em toda a sua plenitude, sendo sempre equivalentes à ação e a reação.

 

  • A lei da ação e da reação em Biologia. Inúmeros são também os exemplos frisantes de aplicação da lei da ação e da reação que nos pode fornecer a Biologia. Dentre esses exemplos devemos em primeiro lugar proceder ao exame do que é fornecido pela própria existência vital.

 

A vida resulta, como temos visto, do duplo movimento de assimilação de desassimilação. Esse duplo movimento é realizado com a completa observância da lei que estamos estudando, sendo, entretanto, mais difícil de que nos domínios da cosmologia o apreciar a perfeita equivalência sempre existente entre a ação e a reação. Nas relações entre o mundo e o ser vivo observamos sempre a ação do primeiro que mantém e estimula o estado vital e a reação do segundo que elimina todos os elementos nocivos ou já desnecessários. Do equilíbrio entre as duas funções, de assimilação e de desassimilação, resulta a vida, e o organismo passa pelas fases normais de crescimento, estabilidade e declínio devido ás diferenças de intensidade com que se apresentam os dois movimentos. Essa desigualdade, entretanto, não altera a equivalência entre a ação e a reação, por isso que não devemos confundir sua intensidade com as dos dois citados movimentos. E, assim que a ação de assimilação deve ter intensidade decrescente à medida que o organismo envelhece, devido ao aumento de dificuldade na execução de todas as funções vitais.

 

  • Ações mecânicas e físicas sobre seres vivos. O ser vivo, sujeito sempre ao mundo exterior que lhe serve de alimento, de estimulante e de regulador, está continuamente sob as ações mecânicas, físicas, químicas e biológicas desse mundo. São os elementos exteriores as fontes permanentes das ações mais ou menos intensas, variadíssimas e em grande número, que a todo o momento se fazem sentir sobre o ser vivo.

 

Essa ação permanente do mundo sobre o organismo vivo provoca, por parte deste, reações equivalentes que perduram durante toda a existência vital.

 

É exemplo característico a ação de um choque mecânico ou a passagem de uma corrente elétrica sobre uma terminação nervosa animal, produzindo geralmente, como reação imediata, um movimento.

 

  • As ações perturbadoras. Não é somente a ação normal do mundo sobre o organismo vivo que está sujeita à lei da equivalência entre a ação e a reação.

 

Também as manifestações patológicas, quando devidas a ações de intensidade dos fenômenos biológicos fora dos limites normais, provocam reações equivalentes.

 

Uma ação perturbadora de uma função ou da estrutura do tecido de um órgão provoca a reação representada pela alteração de intensidade de determinada função, podendo chegar a ponto de causar o rompimento do equilíbrio, da harmonia funcional entre todos os órgãos.

 

A simples ingestão de alimentos em quantidade ou qualidade fora das devidas proporções, pode causar perturbação funcional do organismo vivo. A ação exagerada de alimentação provoca uma reação equivalente que perturba as funções dos órgãos diretamente atingidos. Essa perturbação por sua vez age sobre outros órgãos aumentando ou diminuindo exageradamente o estado funcional dos mesmos e podendo dessa forma chegar a produzir o desequilíbrio geral da existência orgânica. De tal desequilíbrio resulta o estado de moléstia que pode, quando a perturbação é muito intensa, acarretar a extinção da vida.

 

Há, era geral, no caso patológico, leve ou grave, um conjunto de ações e reações ligadas entre si e interdependentes, formando um sistema de maior ou menor complexidade, porém guardando sempre, cru cada elemento, a equivalência entre a ação e a reação.

 

  • A ação do meio exterior. Os organismos vivos, animais ou vegetais, sofrem a ação do meio exterior e reagem contra essa ação modificando o meio ou adaptando-se a ele, A ação do meio sobre os seres vivos que, como vimos, é permanente e intensa, pode provocar reações de duas espécies, donde resulta a modificação do meio ou a do próprio ser que se adapta às circunstâncias exteriores. Inúmeros são os exemplos de modificações que se processam na própria estrutura anatômica do ser vivo, que dessa forma reage às ações do exterior e tende para a harmonia entre o organismo e o meio.

 

  • A ação social. Na Sociologia, estática ou dinâmica, também são em grande numero os exemplos que podemos utilizar para a demonstração desta lei.

 

A ação da sociedade sobre a família, por exemplo, quando anormalmente concorre para diminuir o poder material do homem ou o espiritual da mulher, desenvolve como reação imediata o enfraquecimento dos laços domésticos.

 

Se considerarmos, a influência da coletividade geral sobre o elemento fundamental da sociedade, que é a família, notamos que em época de transição anárquica, como o da atualidade, tal influência constitui geralmente ação perturbadora da existência doméstica. A sociedade mal organizada de nossos dias não permite, na maioria dos casos, que o homem possa prover às necessidades materiais de sua família; assim como, exigindo por parte da mulher trabalhos de ordena material, impede que ela exerça normalmente sua função espiritual. Há, portanto, uma dupla ação perturbadora, por parte da sociedade sobre a família, impedindo o livre exercício dos poderes material e espiritual no elemento básico da existência coletiva. Tal ação provoca uma reação equivalente representada pela diminuição dos laços de apego, veneração e bondade, que se devem normalmente desenvolver na família como conseqüência de sua própria formação.

 

Assim como por esse exemplo percebemos claramente a aplicação da lei da ação e da reação ao domínio da estática social, assim também muitos outros fenômenos na própria existência doméstica: ou na estrutura material da sociedade ou ainda na formação da linguagem, etc., poderiam servir para o exame da aplicação da lei.

 

Ações perturbadoras na estática social. Uma análise na existência política das nações modernas mostraria como a lei da ação e da reação explica perfeitamente todas as perturbações geralmente provocadas­ pelos próprios governos em suas ações empíricas, realizadas sem nenhuma previsão, sem atingir aos verdadeiros interesses da coletividade.

 

Os governantes, muitas vezes dominados pelo orgulho supracitado como conseqüência do próprio exercício do poder, sem as luzes científicas necessárias para a ação sistemática, tendem logo, não somente a invadir atribuições espirituais como também a desrespeitar as maiores conquistas sociais realizadas pela espécie humana, principalmente em relação ás liberdades públicas.

 

Ação de tal ordem é a causa de graves perturbações.

 

Examinemos como exemplo, a invasão, pelo governo temporal, de atribuições de natureza espiritual. A ordem social, para manter seu equilíbrio normal e a harmonia necessária entre todos os seus órgãos, exige completa separação entre o espiritual e o temporal.

 

Ao governo temporal cabem unicamente atribuições de ordem material, a fim de que sejam, nessa esfera de ação, atendidas todas as necessidades da coletividade.

 

“... a liberdade espiritual exige duas sortes de medidas urnas fundamentais que consistem na plena liberdade de comunicações escritas e verbais, outras, complementares constituídas pela supressão do tríplice orçamento, teológico, metafísico e científico; bem como pela abolição da pretendida propriedade literária”. João Pernetta, Os Dais Apóstolos, Curitiba, 1929, vol. III, pag. 16.

 

No meio da anarquia atual, entretanto, a ação dos governos materiais são geralmente conduzidas no sentido de desrespeitar essa separação imprescindível â harmonia social. De acordo com a lei de Newton a ação opressora de imposição de princípios, retrógrados ou anárquicos, de supressão da liberdade da propaganda espiritual de quaisquer doutrinas, provoca uma reação equivalente, que se manifesta em geral pelo descrédito do tal governo, pelo enfraquecimento de sua autoridade, pela perda da forca que deveria conservar e desenvolver. Agindo empiricamente, sem compreender as verdadeiras causas do seu descrédito, procuram os governantes, por meio de medidas violentas, aumentando a opressão e a tirania, compensar a perda de poder. Há, entretanto, em tal atitude apenas um acréscimo na ação perturbada e conseqüentemente nas reações que podem acarretar muitas vezes a destruição do próprio governo, órgão social que está agindo fora das verdadeiras normas que exige a harmonia coletiva.

 

São, pois, não somente os interesses elevados da coletividade, mas também os próprios Interesses de conservação de um governo, que devem concorrer para que este procure manter-se dentro dos limites prescritos pelas leis científicas, desde meados do século XIX estabelecidas por Augusto Comte, que fundou a Sociologia e a Moral positivas. Reduzida a variação dos fenômenos sociológicos aos limites normais, é mantida a harmonia social; transpostos aqueles limites, as ações tornam-se perturbadoras e provocam reações também intensas, que podem concorrer para a modificação da ordem social.

 

  • A ação e a reação na Moral. Na Moral, à principal ação exercida pelo homem, aquela que se realiza pela educação, corresponde como reação o aperfeiçoamento da natureza humana, no seu tríplice aspecto, prático, intelectual e afetivo.

 

E’ a educação uma ação modificadora que se exerce sobre nossa natureza  moral, intelectual e prática —; como toda a ação provoca urna reação equivalente. Tal reação, que se manifesta por modificações mais ou menos profundas da natureza humana, deve ser convenientemente prevista em seus resultados, o que constitui a máxima dificuldade no trabalho humano.

 

As artes formam como vimos o domínio da atividade e têm por objetivo a modificação do mundo e do homem de acordo com as necessidades humanas. Apresentam correspondência com os nossos conhecimentos abstratos, e como estas são classificadas nas sete categorias, da matemática à moral. Quanto mais subimos à escala tanto mais difíceis e complexos são os fenômenos correspondentes e. sendo cada vez mais modificáveis, torna-se também cada vez mais difícil à modificação de acordo com os objetivos visados. Modificar a alma humana, aperfeiçoar o coração diminuindo o egoísmo, desenvolvendo o altruísmo, estabelecendo uma conveniente harmonia nas funções afetivas, melhorar a inteligência tornando-a mais sintética e mais penetrante, desenvolver o caráter, constituem os trabalhos mais difíceis e complicados, exigindo um grande preparo moral e intelectual para poderem ser realizados sistematicamente e com resultados favoráveis.

 

Todo esse trabalho de educação, como em geral todos os de modificação do mundo e do homem, baseia-se fundamentalmente na lei da ação e da reação.

 

Os meios de que dispomos para a educação dão lugar à ação; os resultados a que devemos atingir, e que são devidamente previstos, constituem a reação. Prever exatamente em cada caso concreto a reação que produz determinada ação e ainda qual a ação quem determinadas circunstâncias deve ser empregada para atingir-se a um resultado que se deseja, que são os problemas de maior dificuldade que se apresentam à inteligência humana para resolver.

 

  • Ações e reações cerebrais - O trabalho cerebral é sempre sustentado pela existência corporal; há entre as funções cerebrais e as da vida vegetativa estreita interdependência; as ações cerebrais provocam reações corporais e reciprocamente.

 

Inúmeras são as ações corporais que se refletem sobre as funções cerebrais. E’ permanente e intensa a influência do corpo sobre o cérebro. concorrendo para modificar o funcionamento deste.

 

A constituição corporal, o estado de equilíbrio das funções vegetativas a idade do individuo, ele são elementos que contribuem para alterar o estado cerebral — afetivo, intelectual ou ativo.

 

Da mesma forma o cérebro age sobre o corpo, dando lugar a que este modifique suas funções. A reciprocidade de influências entre o cérebro e o corpo obedece à lei da ação e da reação. Dificilmente podemos, entretanto, apreciar separadamente uma dessas ações e a conseqüente reação, devido à complexidade do assunto e às múltiplas ações e reações permanentemente realizadas.

 

As ações e reações mútuas estão sendo continuamente verificadas não só entre o cérebro e o corpo, mas também nas funções cerebrais entre si, pois todo o trabalho do cérebro resulta do conjunto de funções simples que agem e reagem umas sobre as outras.

 

Dessa interdependência das funções cerebrais e corporais e das funções cerebrais entre si, resulta a possibilidade da previsão das modificações em nossa natureza. Toda a moral prática está baseada, conseqüentemente, no conhecimento da moral teórica, isto é, das leis das funções cerebrais e das influências do meio exterior e do corpo, a fina de que possamos dirigir e graduar as ações modificadoras pela educação, como vimos anteriormente.

 

Os melhores preceitos de moral prática baseiam-se sistemática ou mesmo empiricamente no conhecimento da equivalência entre a ação e a reação. É assim, por exemplo, o verso da Imitação: ‘Frena gulam et omnen carnis inclinationem facilus frenabís’. (Refreia a gula com certeza mais facilmente refrearás qualquer outra tendência  egoísta).[T. de Kempis, A Imitação de Cristo, ed. Garnier, Rio de janeiro, 1910, liv. I, Cap. XIX, pág. 62.] Tal preceito estabelece uma ação determinada, o refrear da gula, para que a reação equivalente se verifique, a diminuição de intensidade de todas as funções egoístas do coração humano.

 

  • Ações perturbadoras entre o físico e o moral. Não é só no estado normal do cérebro que observamos as influências recíprocas entre este e o corpo, mas também nos estados patológicos. A loucura e a idio­tia, por exemplo, estados de desequilíbrio mental que se caracterizam por excesso ou falta de intensidade nas imagens trazem perturbações nas relações entre o corpo e o cérebro, mas não impedem que essas relações continuem a verificar-se, embora com intensidade também fora dos limites normais de variação.

 

Da mesma forma as perturbações do corpo influem sobre as relações desta com o cérebro, aumentando ou diminuindo a intensidade dessas re­lações e conseqüentemente das imagens cerebrais, Há sempre, entretanto, quer no primeiro caso como na segunda lei universal.

 

  • A virtude. A virtude é uma ação diretamente destinada a provocar uma reação em favor de outrem.

 

Como a definiu Duclus (    ),  é a virtude um esforço que o indivíduo exerce sobre si mesmo em favor dos outros.

 

Está a moral prática fundada especialmente no exercício da virtude, que aperfeiçoa o coração humano, por meio de atos de altruísmo, isto é, de atos inspirados pelos mais nobres sentimentos sociais, aqueles que levam a viver para outrem.

 

Quer o esforço realizado venha beneficiar diretamente a determinado individuo ou venha a diluir-se de modo geral, para que possa ser aproveitado, com maior ou menor intensidade e precisão por uma sociedade mais ou menos extensa, em qualquer desses casos há sempre uma ação representada pelo esforço individual visando o benefício de outrem, e uma reação equivalente representada por esse próprio beneficio.

 

Vimos dessa forma, por uma série de exemplos colhidos na matemática, na astronomia, na física, na química, na biologia, na sociologia e na moral, teórica e prática, a extensão universal da lei da ação e da reação, que constitui a décima segunda lei de Filosofia Primeira.

 

III. APRECIAÇÃO EM CONJUNTO DAS TRÊS PRIMEIRAS LEIS DO TERCEIRO GRUPO

 

  • Exemplos de aplicação das três leis. A fim de apreciar em conjunto as três leis, da persistência, da coexistência e da ação e reação, examinaremos um exemplo do domínio inorgânico e um de cada uma das três ciências do homem — a Biologia, a Sociologia e a Moral.

 

As três leis da persistência, da coexistência e da ação e reação, que constituem o primeiro sub-grupo do terceiro grupo da Filosofia Primeira suo, como vimos, as que regulam a existência objetiva dos elementos necessários a todas as nossas pesquisas abstratas.

 

Em qualquer elaboração científica os dois fatores — objetivos e sub­jetivo — são necessários e devem estar convenientemente combinados para que seja normal o trabalho realizado.

 

A ciência é relativa. Para as construções abstratas concorre como fa­tor essencial o cérebro humano, que elabora as teorias, de acordo com nossas necessidades de conhecer, para modificar o mundo e o homem, O segundo fator é constituído pelos materiais objetivos, isto é, os elementos que veêm do exterior e que alimentam, estimulam e regulam todo o trabalho interior.

 

Esses materiais objetivos estão sujeitos as três leis que acabamos de estudar examinando a aplicação de cada urna às diversas categorias enci­clopédicas.

 

Para concluir o estudo desse sub-grupo mais objetivo da Filosofia Pri­meira vamos examinar sinteticamente sua aplicação em conjunto a alguns exemplos característicos.

 

  • No domínio inorgânico. No domínio inorgânico o estudo da gravitação universal evidencia bem a importância das três leis.

 

A lei da gravitação universal explica, de modo completo e geral, o espetáculo que nos apresenta não somente o sistema solar mas também o conjunto de corpos celestes que, relativamente às massas e às distâncias, man­tém o equilíbrio dos sistemas e os movimentos dos astros, que se verificam com a máxima regularidade.

 

Toda a existência astronômica, tanto estática quanto dinâmica, isto é, tanto o equilíbrio dos sistemas como o movimento dos corpos celestes obe­decem perfeitamente ás três leis que estamos apreciando.

 

A primeira lei é verificada pela tendência, que os astros apresentam, de se manterem em equilíbrio no sistema, de realizarem os movimentos próprios, observados há muitos milênios sempre com a mesma regularidade.

 

A segunda lei explica a coexistência dos múltiplos movimentos que um mesmo astro observado apresenta, cada um desses movimentos realizando-se como se os outros cessassem.

 

A terceira lei adquire ao domínio astronômico uma importância espe­cial, por isso que vai representar a própria lei da gravitação universal.

 

No domínio do homem. Nas três partes da Moral exemplifi­caremos, com os estudos da vida, do organismo social e da unidade reli­giosa, respectivamente a Biologia, a Sociologia e a Moral.

 

No estudo da concepção geral da vida, o duplo movimento de assimi­lação e desassimilação pelo organismo, podemos apreciar claramente a verificação das três leis objetivas da Filosofia Primeira. A lei da persistência verifica-se pela tendência de todo o organismo vivo a continuar indefinida­mente a realização do duplo movimento, resistindo às perturbações exterio­res, das quais resulta finalmente a cessação da vida. A segunda lei mos­tra a coexistência das múltiplas e variadas funções orgânicas que apresenta um ser vivo, todas elas harmônicas e coexistentes, porém independentes. A terceira lei finalmente, é observada nas ações que exercem uns sobre outros;  os diversos elementos do organismo, provocando reações que concorrem para a manutenção da existência biológica.

 

O organismo social constitui em Sociologia um exemplo frisante para apreciarmos a aplicação das três leis que estamos estudando - A primeira lei revela-se pela persistência dos diversos elementos estáticos da Sociedade — propriedade, família, linguagem e governo — que tendem a persistir espontaneamente resistindo às perturbações exteriores; a segunda lei veri­fica-se uma coexistência e independência com que se apresentam esses mesmos elementos sociais; e finalmente a terceira lei explica as ações e reações mútuas das diversas instituições da sociedade.

 

Para exemplificar a aplicação das leis objetivas ao domínio da moral, utilizaremos o conceito de unidade religiosa, isto é, a convergência pessoal e coletiva de sentimento, pensamentos e atos para um destino comum. Tal conceito será neste exemplo utilizada para qualquer que seja a forma religiosa e, portanto na sua apresentação estática, independente das varia­ções no tempo. Podemos com nitidez observar aí as três leis universais deste grupo estudado, pois toda a forma religiosa tende espontaneamente a persistir, resistindo às perturbações exteriores, nela coexistem os elementos necessários à unidade individual e à coletiva; assim como os que concorrem para as unidades afetiva, intelectual e prática, e, finalmente, do concurso de sentimentos, pensamentos e atos para a formação do espírito(inteligência)  religioso, do equilíbrio da unidade, que resultam ações e reações equivalentes.